Com o cuidado de não abrir mão da defesa brasileira a uma solução negociada para a crise entre o Irã e as potências nucleares, o chanceler Celso Amorim advertiu hoje que Teerã deveria flexibilizar suas posições, “cooperar da forma mais extensiva possível” em favor de um acordo e aceitar a presença de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

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Diante dos senadores da Comissão de Relações Exteriores, Amorim avaliou que o Irã está pagando por decisões equivocadas relativas a seu programa nuclear. Mas, acrescentou que Teerã “não abdicará” de seu direito de enriquecer urânio com objetivos pacíficos. “O Irã deu passos em falso há alguns anos e paga por esse pecado”, afirmou Amorim. “A melhor garantia (de que não produz armas nucleares) é ter inspetores da AIEA no Irã.”

Aos senadores, o chanceler insistiu que o Brasil “não é nem pró nem contra o Irã”, mas a favor da paz e de uma solução negociada, que possa evitar a imposição de novas sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas ao país. Relatou ainda que, em uma conversa direta, alertou o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, para não alimentar ilusões de que o comércio Brasil-Irã poderá se elevar a bilhões de dólares se houver novas sanções do Conselho de Segurança ao país. “Temos dito isso para eles com clareza”, comentou.

Desarmamento

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Em uma antecipação da posição brasileira na Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), que acontecerá em maio nas Nações Unidas, Amorim defendeu aos senadores que a melhor garantia para que outros países não iniciem a fabricação de armas nucleares está no desarmamento das potências.

“Uma só bomba atômica já é ruim. Israel tem 200, os EUA terão 1.500, depois do acordo de redução que firmará com a Rússia, e o Reino Unido tem 400”, argumentou. “Enquanto um país tiver a bomba atômica, outro país que se considerar ameaçado se sentirá no direito de tê-la também.”

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