O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, está “considerando urgentemente suas opções” em vista do que qualificou como “conduta decepcionante de alguns dos participantes” envolvidos nas negociações para pacificar a Síria, declarou seu porta-voz, Martin Nesirky.
De acordo com ele, Ban está “consternado” com os desdobramentos ocorridos depois do anúncio feito por ele ontem à noite de que a ONU havia convidado o Irã a participar das negociações marcadas para esta semana em Genebra.
Nesirky disse que o Irã, apesar das promessas, “fez um comunicado público decepcionante” sugerindo que não aceita os termos para participar das negociações de paz na Suíça.
Autoridades dos EUA disseram que o convite deve ser retirado a menos que o Irã endosse publicamente a formação de um governo de transição para a Síria que vai abrir caminho para eleições democráticas.
O principal grupo de oposição síria determinou que o Irã tem até as 17 horas (de Brasília)para se comprometer publicamente com a retirada de suas “tropas e milícias” da Síria e aceitar os termos da ONU ou o convite para o país participar das negociações em Genebra deve ser retirado.
A ONU fez um convite de última hora neste domingo para o Irã, aliado próximo do presidente sírio Bashar Assad, levando a coalizão de oposição a ameaçar não fazer parte das negociações e colocando em dúvida a eficácia da conferência em Genebra.
O convite foi feito após o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ter recebido uma ligação telefônica do ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, afirmando que o país iria desempenhar um papel positivo durante a conferência.
De acordo com Ban, Javad Zarif teria dito que o Irã havia mudado sua posição e concordado com as determinações da ONU, que foram definidas na primeira conferência de Genebra em 2012. “O Irã precisa participar como país vizinho importante”, teria afirmado Zarif.
As negociações tem o objetivo de chegar à uma resolução política para o conflito que já matou mais de 130 mil pessoas e se transformou na pior crise humanitária em décadas. Diplomatas e líderes políticos reconhecem que são pequenas as perspectivas de se alcançar esse objetivo em breve.
O governo sírio e a oposição já sofreram enormes perdas, mas ainda assim, nenhum dos dois lados parece desesperado o suficiente para chegar a um acordo sobre o conflito. No momento, colocar os antagonistas no mesmo espaço para iniciar o que se espera vá ser um longo processo que pode durar anos é visto como um sucesso. Fonte: Associated Press.