Mais de trezentos integrantes do Sindicato dos Caminhoneiros, o principal aliado sindical da presidente argentina Cristina Kirchner e seu marido e ex-presidente Néstor Kirchner, bloquearam hoje de madrugada o acesso às gráficas do “La Nación” e do “Clarín”. O cerco às gráficas dos dois principais jornais do país durou quatro horas. Apesar da ilegalidade do piquete, a polícia não interveio. A Casa Rosada – o palácio presidencial – não criticou a ação dos aliados caminhoneiros e restringiu-se a apenas convocar a “paz social”.
O ataque aos dois maiores jornais do país coincide com a realização em Buenos Aires da assembleia da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que avalia as pressões sofridas pelos jornalistas e empresas de mídia na região nos últimos tempos. A Associação de Editores de Jornais de Buenos Aires (Adeba) considera a ação – antecedida por outra similar na quarta-feira – o maior ataque à circulação de jornais desde o fim da última ditadura militar, em 1983.
O argumento oficial do sindicato dos caminhoneiros para obstruir os portões são diferenças trabalhistas com as empresas de distribuição de jornais. No entanto, os analistas políticos afirmam que por trás do bloqueio está o casal Kirchner, que mantém um duro confronto com a imprensa. Recentemente, os Kirchners conseguiram aprovar no Parlamento uma lei que implica em uma drástica restrição à atuação dos grupos de mídia.