Autoridades alemãs estão investigando a descoberta de cerca de 1.500 obras de arte apreendidas pelos nazistas e consideradas perdidas havia décadas. Revelada em primeira mão pela revista Focus, a descoberta inclui centenas de trabalhos de Pablo Picasso, Henri Matisse e Emil Nolde.
As obras foram encontradas no início de 2011 em um apartamento em Munique, mas a revelação ocorreu apenas no último fim de semana. O porta-voz da chanceler Angela Merkel, Steffen Seibert, disse que o governo da Alemanha foi “informado sobre o caso há vários meses”.
De acordo com Seibert, o governo alemão está colaborando com “pareceres de especialistas nos campos das chamadas ‘artes degeneradas’ e das obras pilhadas pelos nazistas”.
Seibert pediu aos jornalistas que passem a direcionar suas perguntas à promotoria pública da cidade de Augsburg, onde um porta-voz disse que novas informações serão divulgadas somente na manhã de terça-feira, para quando está marcada uma entrevista coletiva com as autoridades locais.
Segundo a reportagem da Focus, parte das obras de arte teria sido apreendida de proprietários judeus pelos nazistas ou então compradas a preços irrisórios mediante coerção. Historiadores, no entanto, disseram que as obras talvez consistam em sua maior parte em artigos de “arte degenerada”, mas não necessariamente pertencentes a judeus.
Os nazistas consideravam “arte degenerada” principalmente as obras modernas e abstratas que, segundo Adolf Hitler, eram “não-germânicas” ou “judias-bolcheviques” e tinham potencial para “corromper” o povo alemão. A “perversidade” dessas obras costumava ser atribuída à “corrupção dos judeus”. Milhares desses trabalhos foram apreendidos durante o período em que os nazistas governaram a Alemanha.
“Ainda não sabemos quantos desses 1.500 trabalhos são ‘degenerados’ ou quantos foram saqueados pelos nazistas”, explicou Christoph Zuschlag, especialista em “arte degenerada” da Universidade de Koblenz. “Então precisamos examinar cada peça individualmente.”
Ainda não se sabe também quantos desses trabalhos são originais. Segundo Zuschlag, de 21 mil peças de “arte degenerada” tiradas de museus alemãs a partir de 1937, apenas um terço eram original.