Os moradores de Rockhampton, cidade alagada no nordeste da Austrália, ainda deverão esperar vários dias até que as águas baixem e eles possam contabilizar os estragos. A esperança é de que o nível da água do rio Fitzroy comece a diminuir, após atingir hoje seu pico. Já foram inundados 200 casas e 100 comércios, e as enchentes em outros pontos do nordeste australiano levaram milhares a deixar suas casas. “Parece que isso pode ter se estabilizado”, disse o prefeito de Rockhampton, Brad Carter.
Mais de uma semana de chuvas torrenciais, iniciadas logo antes do Natal, deixaram boa parte da região nordeste do país sob as águas, que correm para os rios e em seguida para os oceanos. Cerca de 1.200 casas em Queensland foram inundadas, com outras 10.700 sofrendo algum dano, disse hoje a premiê de Queensland, Anna Bligh. Quatro mil moradores foram retirados de suas casas na zona alagada, que abrange uma área maior que os territórios de França e Alemanha somados.
O dilúvio arruinou plantações, fechou a maioria das lucrativas minas de carvão do Estado e causou danos “catastróficos” aos sistemas de transporte de Queensland, segundo a rádio Australian Broadcasting Corp. “Este é um desastre em uma escala sem precedentes e exigirá um esforço de reconstrução sem precedentes”, disse Anna em Brisbane, onde funcionários fizeram hoje uma reunião de emergência para tratar do plano de recuperação para os 200 mil afetados pelas chuvas. Segundo a premiê estadual, não será possível contabilizar os estragos até a água baixar. No entanto, o custo já é estimado em mais de US$ 5 bilhões, afirmou.
As enchentes impedem a operação de mais de 40 minas de carvão do Estado, segundo ministros do governo. “Levará alguns meses para algumas minas voltarem à operação total”, disse o ministro dos Recursos, Stephen Robertson. Ele notou que as exportações ficaram bastante prejudicadas por causa das chuvas.
Em Rockhampton, uma cidade de 75 mil habitantes, cerca de 500 pessoas foram retiradas de suas casas nesta semana com o aumento do nível do rio Fitzroy. Em outras partes do Estado de Queensland, a água começa a baixar, mas funcionários ainda tentam determinar se é seguro permitir a volta dos moradores. Um dos problemas são as cobras venenosas, retiradas de seu hábitat e agora ameaçando as pessoas, enquanto buscam locais mais secos em meio à água.
Os moradores de Rockhampton já disseram que têm visto mais cobras que o normal, disse o prefeito Brad Carter. “Há muitas cobras, muitas mesmo”, disse o morador de Rockhampton Shane Muirhead à rádio Australian Broadcasting Corp. “Digamos que a cada cem jardas (91 metros) você vê uma cobra, e elas estão por toda parte.” Crocodilos são outro risco para os que entram nas águas, pois vários desses predadores foram arrastados das águas do rio Fitzroy.
No sul de Queensland, em St. George, eram construídos diques para evitar mais estragos. Essa cidade já foi devastada por uma enchente em março, mas os moradores temem novos danos causados pela água.
As enchentes começaram antes do Natal, após um verão inusualmente úmido nesta região tropical. As chuvas diminuíram e os níveis das águas começaram a baixar em algumas comunidades de Queensland, mas pode levar um mês para a água secar completamente. As enchentes já mataram dez pessoas em Queensland desde o fim de novembro, segundo a polícia. As informações são da Associated Press.