O Irã ainda tem explicações a dar sobre a natureza e o objetivo de um segundo reator nuclear desconhecido até pouco tempo atrás, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com um relatório de circulação restrita obtido pela agência de notícias AFP, a AIEA considera que a usina que vem sendo construída perto da cidade sagrada de Qom “corresponde às informações de projeto fornecidas pelo Irã”. No entanto, “a explicação sobre o propósito da instalação e a cronologia do projeto e da construção ainda precisam de mais esclarecimentos”.
A existência da usina foi revelada em setembro pelo primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, e pelos presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da França, Nicolas Sarkozy. O local foi visitado por inspetores da AIEA no mês passado.
A informação vem à tona horas depois de o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ter declarado que o impasse em torno do programa nuclear iraniano apenas prejudica o Ocidente e permite a Teerã buscar o avanço de sua tecnologia. A cooperação com Teerã e seu programa nuclear “é benéfica para os ocidentais porque opor-se a isso tornará o Irã mais forte e avançado”, declarou Ahmadinejad, segundo a TV estatal da república islâmica.
Os comentários do presidente iraniano surgem depois de Obama ter dito que “o tempo está se esgotando” para que o Irã responda à proposta por meio da qual o país receberia combustível nuclear de fora, para diminuir as preocupações do Ocidente com relação às intenções do país. “Os inimigos politizaram a questão nuclear fazendo uso de toda a sua capacidade para tentar provocar a rendição da nação iraniana, mas foram derrotados”, disse Ahmadinejad. “Os direitos básicos da nação iraniana não são negociáveis e a atividade nuclear do Irã ocorre totalmente sob supervisão da AIEA.”
Os EUA e alguns de seus aliados suspeitam que o Irã desenvolva em segredo um programa nuclear bélico. O Irã sustenta que seu programa nuclear é civil e tem finalidades pacíficas, estando de acordo com as normas do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, do qual é signatário. As informações são da Dow Jones.