O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que seu país tem capacidade para enriquecer urânio a 80%, mas não o fará, ressaltou, ao anunciar hoje que Teerã produziu o “primeiro lote” de urânio enriquecido a 20%. Em um discurso para marcar o aniversário da Revolução Islâmica, realizada em 1979, o líder conservador afirmou que o Irã em breve triplicará sua produção diária de urânio enriquecido a 3,5%.
Em um documento revelado hoje, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, já afirmava que o Teerã deveria começar a produzir seu primeiro lote de urânio enriquecido “nos próximos dias”. Segundo o texto, porém, a produção desse material ocorrerá em quantidades modestas por enquanto. O Irã havia anunciado nesta semana que iniciaria o processo para enriquecer urânio a 20% a partir de terça-feira.
O enriquecimento de urânio é essencial para a geração de combustível utilizado no funcionamento de usinas nucleares. Caso esteja enriquecido a mais de 90%, o urânio pode ser usado em armas atômicas. O governo iraniano afirma ter apenas fins pacíficos, mas potências ocidentais desconfiam que haja um programa secreto no país para a construção de armas nucleares.
Aniversário
Centenas de milhares de iranianos foram às ruas hoje para marcar o 31º aniversário da Revolução Iraniana. O movimento de 1979 chegou ao poder ao derrubar o xá Reza Pahlevi, que era apoiado por Washington. Muitos iranianos lotaram a Praça Azadi, no sudoeste da capital. Segundo a televisão estatal, um milhão de pessoas estavam na praça para marcar a data.
Em seu discurso, Ahmadinejad disse que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, estava “perdendo oportunidades” ao servir aos interesses de Israel. “Ele está indo por um caminho que é contra os interesses dele e do povo norte-americano e em linha com o desejo dos sionistas”, afirmou. Os EUA pressionam o Irã para desistir de seu programa nuclear, ameaçando impor mais sanções, enquanto Israel afirma que Teerã representa uma grande ameaça ao Estado israelense.
O site de oposição Rahesabz disse que milhares de pessoas protestaram contra o governo. Não há relatos independentes da mídia estrangeira sobre essas manifestações, já que os correspondentes estão proibidos de acompanhar eventos do tipo nas ruas do país.
As celebrações lembrando o movimento que derrubou o xá geralmente são festivas no Irã, sendo usadas pelo regime como uma mostra do apoio popular ao governo. A ocorrência de protestos da oposição nesse aniversário é vista como altamente simbólica.
A oposição reclama de fraudes nas eleições presidenciais de junho, que acabaram com a reeleição de Ahmadinejad. Autoridades haviam advertido que protestos oposicionistas seriam duramente reprimidos hoje. As informações são da Dow Jones.