Ahmadinejad deve criticar EUA e Israel em conferência

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, deve criticar os Estados Unidos e Israel na sessão de abertura, hoje, de uma conferência sobre o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). Ele vai criticar os países por manterem arsenais de armas nucleares. O evento ocorre na sede das Nações Unidas.

Ao chegar a Nova York, o líder iraniano disse que as potências ocidentais não estão buscando construir confiança com a república islâmica, segundo a agência estatal Irna. “Nós não devemos oferecer formas de obter a confiança deles, já que o Irã cumpre a lei internacional e age de acordo com ela”, afirmou Ahmadinejad, após pousar no aeroporto da cidade.

Antes disso, Ahmadinejad argumentou que nos últimos 60 anos “nós (a humanidade) não tivemos desarmamento nem não-proliferação, e alguns países até mesmo procuraram a bomba durante esse período”.

O presidente dos EUA, Barack Obama, chegou ao poder prometendo restaurar a credibilidade de seu país na não-proliferação. Funcionários do governo citam iniciativas como o acordo sobre controle de armas com a Rússia como um passo importante.

Foco

Em um sinal de que o impasse entre EUA e Irã pode prejudicar a conferência, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, advertiu que o Irã tentará mudar o foco de suas violações das leis internacionais falando sobre a disseminação de armas nucleares.

A revisão do TNP é uma tentativa de estreitar o regime de não-proliferação, baseado em monitoramento dos programas nucleares nacionais, bem como na promoção do desarmamento e no uso pacífico da energia atômica.

Tanto Ahmadinejad quanto Hillary falarão hoje na sessão de abertura do TNP. A segurança está reforçada em Nova York, sobretudo após o temor causado por um carro-bomba na noite de sábado, que não explodiu mas lembrou dos riscos envolvendo o terrorismo.

O Irã já sofreu três rodadas de sanções por se recusar a parar de enriquecer urânio. O país insiste ter apenas fins pacíficos, como a geração de energia, mas nações lideradas por Washington temem que Teerã busque uma bomba. Agora, os EUA pressionam por uma quarta rodada de sanções ao país no Conselho de Segurança (CS) da ONU.

Tratado

O TNP entrou em vigor em 1970 e, desde então, Israel, Índia, Paquistão e a Coreia do Norte obtiveram bombas nucleares. Antes, os países nucleares eram Grã-Bretanha, China, França, Rússia e EUA, os membros permanentes do CS da ONU.

Outro empecilho para os EUA na conferência deve ser o Egito. O país, apoiado por outros não-alinhados, pede uma conferência internacional pela criação de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio. A conferência de revisão do TNP de 1995 pediu uma zona desse tipo. As conferências de revisão do tratado ocorrem a cada cinco anos.

Israel não faz parte do TNP e acredita-se que o país tenha cerca de 200 bombas atômicas. Os israelenses argumentam que primeiro é preciso haver paz no Oriente Médio, para então a região se tornar livre de armas. Israel não confirma nem nega publicamente possuir um arsenal atômico.

O TNP prevê que os países nucleares caminhem para o desarmamento, enquanto os outros, que não produzem bomba, recebam em troca energia nuclear para fins pacíficos. Porém algumas nações insistem que esse pacto não funciona. Isso dificulta a universalização do TNP ou mesmo a adoção de um documento final dessa conferência, que deve durar um mês. As informações são da Dow Jones.

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