O líder e ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, completou 92 anos neste domingo, recebendo homenagens em seu próprio país, onde foram organizados eventos em prol da união da população, e de líderes de outras nações, como o presidente dos EUA, Barack Obama. Mandela, que está afastado da vida pública há algum tempo, passou o dia com a família em Johanesburgo.

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Pela manhã, a esposa do líder, Graca Machel, visitou um orfanato em Soweto para ajudar a plantar uma horta. “Hoje é uma oportunidade para milhões de pessoas ao redor do mundo olharem para dentro delas mesmas, encontrarem as belas qualidades que qualquer ser humano possui e dizerem: eu posso fazer a diferença para o meu vizinho, para alguém menos privilegiado, posso oferecer minha bondade para outros”, disse Machel. Ela acrescentou que, embora Mandela não esteja tão forte fisicamente, “seu espírito continua forte como nunca”.

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, e outras autoridades do governo homenagearam Mandela plantando árvores e pintando salas de aula em Mvezo, terra natal do líder, localizada no sul do país. Durante um discurso, Zuma afirmou que Mandela ensinou aos sul-africanos que “precisamos trabalhar juntos para fortalecer a unidade africana e a solidariedade”.

Ele lembrou que a população da África do Sul recebeu de braços abertos os visitantes do restante do continente durante a Copa do Mundo de futebol, encerrada recentemente. Após a seleção nacional ter sido eliminada da competição, muitos sul-africanos passaram a torcer para Gana, time africano que foi mais longe no torneio. “Pedimos a continuidade desse espírito de unidade, amor e amizade africana”, acrescentou Zuma.

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O presidente dos EUA, Barack Obama, desejou feliz aniversário a Mandela em um comunicado divulgado pela Casa Branca. “Somos gratos por continuarmos sendo abençoados por sua visão, liderança e espírito extraordinários. Nos esforçamos para seguir seu exemplo de tolerância, compaixão e reconciliação”, afirmou Obama.

Os organizadores do Dia de Mandela na África do Sul neste ano pediram aos cidadãos do país, entre outras coisas, que honrassem o líder antiapartheid dedicando tempo para combater o sentimento de ódio aos imigrantes, que provocou mortes e manifestações violentas no país em 2008.

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O comissário nacional da polícia sul-africana, Nathi Mthethwa, visitou neste domingo Atteridgeville, uma das cidades atingidas por essas manifestações. Durante um discurso para aproximadamente mil pessoas, ele disse que Mandela ensinou aos sul-africanos sobre a necessidade de unidade e coesão. “Meu irmão, filho de outra mãe, ainda é meu irmão. Minha irmã, filha de outra mãe, ainda é minha irmã.”

Em 2008, protestos motivados pela escassez de moradias, escolas, empregos e hospitais para os sul-africanos mais pobres culminaram em manifestações contra imigrantes. Mais de 60 pessoas foram mortas – duas em um acampamento de desabrigados de Atteridgeville – durante semanas de violência esporádica em regiões empobrecidas da África do Sul.

Sociólogos tentaram explicar o que aconteceu apontando para décadas de difamação de negros africanos por parte do governo branco da África do Sul durante os anos do apartheid e para a competição por recursos escassos, visto que os habitantes de países mais pobres migraram para o território sul-africano em busca de oportunidades. As informações são da Associated Press.