Autoridades afegãs disseram que um ataque promovido por aeronave norte-americana causou, acidentalmente, a morte de pelo menos 27 afegãos que iam para uma cerimônia de casamento na manhã deste domingo (6) – foi o segundo ataque militar em três dias a fazer vítimas civis. Os militares norte-americanos disse que falar em morte de civis é propaganda dos militantes.
Neste domingo, o chefe de governo do distrito de Deh Bala, na província de Nangarhar, disse que moradores falaram que pelo menos 27 pessoas que caminhavam em grupo para um festa de casamento foram mortas em um bombardeio. Cerca de onze ficaram feridas, disse Haji Amishah Gul.
Já o porta-voz da polícia de Nuristan, Ghafor Khan, disse que uma aeronave de combate atacou um grupo de militantes perto da vila de Kacu, mas que um míssil saiu do curso e atingiu a festa de casamento. Khan disse que muitos militantes também foram mortos no ataque.
Tanto Gul quanto Khan dependem de relatos feitos por telefone por moradores da região, que é muito remota para ser alcançada por autoridades ou repórteres. Gul disse que entre os mortos havia homens, mulheres e crianças.
Lal Wazir, afegão que ajudou a levar os feridos para o hospital, disse que o ataque aéreo começou às 6h30 (horário local). "Os convidados estavam a caminho da casa da noiva", afirmou Wazir, com a túnica coberta de sangue após carregar alguns dos feridos. "Eles pararam num lugar estreito para descansar. O avião veio e bombardeou a área. Havia cerca de 80 a 90 pessoas juntas", segundo Wazir. Ele disse ainda que o número exato de feridos e mortos não é certo.
Comunicado da coalizão liderada pelos EUA diz que o ataque aéreo matou vários militantes em Nangarhar.
O presidente afegão, Hamid Karzai, já ordenou uma investigação para averiguar acusações de que mísseis utilizados por helicópteros norte-americanos atingiram civis em outro ataque, perpetrado na sexta-feira. Contudo, o ministro da Defesa, disse hoje que o ataque de sexta, na fronteira de Nuristan-Kunar, matou ou feriu 20 militantes.
O general do Exército dos EUA, David D. McKiernan, comandante das forças da Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão, disse neste domingo à Associated Press que os dois casos estão sendo investigados. Ele observou que os militantes se escondem entre os civis e que os intimidam.
O porta-voz número dos EUA, o primeiro-tenente Nathan Perry, disse que os militares viram repetidas vezes militantes alegarem falsamente que civis foram mortos. "Sempre que promovemos um ataque, a primeira coisa que eles fazem é bradar que ‘ataque aéreo matou civis’, quando na verdade o míssil atingiu militantes extremistas que mirávamos em primeiro plano", disse Perry. "Neste momento, não acreditamos que atingimos ninguém além de combatentes".
Em comunicado, Karzai cita as alegações de Tamim Nuristani, governador da província de Nuristan, de que 15 civis que foram mortos e outros sete ficaram feridos no ataque de sexta-feira. Em encontro neste domingo, altas autoridades afegãs rezaram pelas vidas inocentes perdidas, de acordo com o comunicado do palácio presidencial.
"A morte e o ferimento de cidadãos como resultado de ataques aéreos é uma notícia que sempre nos deixa tristes", disse Karzai.