O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, desembarcou neste sábado no Catar para uma visita de dois dias, que autoridades afegãs apontam como um esforço para um pontapé inicial no vacilante processo de paz com o Taleban. Karzai, que viaja com seus principais conselheiros, deve se reunir com o emir do Catar, o xeique Hamad bin Khalifa al-Thani, além de outras importantes autoridades.
No topo da agenda está a abertura das negociações de paz com o Taleban, um grupo que travou uma longa campanha insurgente contra Cabul. No ano passado, a liderança do Taleban começou a estabilizar um escritório político no Catar para facilitar as conversações com os Estados Unidos, mas eles se recusavam até agora a negociar diretamente com o governo de Karzai.
Os dois países tiveram um desentendimento no passado. Os afegãos se queixaram de não terem sido suficientemente consultados sobre a abertura do escritório do Taleban no Catar. A visita de Karzai a Doha visa à reconciliação, de acordo com autoridades do Afeganistão.
Janan Mosazai, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores afegão, disse neste sábado a repórteres que o presidente discutirá com a representação do Taleban no Catar, mas se recusou a dizer se Karzai se encontrará pessoalmente com membros do grupo. “O importante sobre essa visita é que o presidente Karzai está viajando a convite do emir do Catar”, afirmou Mosazai. “Eles conversarão sobre a possibilidade de negociações diretas com o escritório do Taleban no país.”
A viagem ao Catar é um mais recente esforço do Afeganistão para promover um processo de paz que ainda requer negociações formais. O Taleban suspendeu o contato com os EUA no ano passado em meio às discussões sobre a troca de prisioneiros detidos na prisão de Guantánamo Bay, em Cuba, por um sargento do exército norte-americano mantido em cativeiro pelos insurgentes. Em dezembro, representantes do Taleban se reuniram na França com membros da oposição afegã, um encontro que aproximou adversários de longa data do governo de Karzai.
“A razão pela qual ele está tentando renovar o processo de paz é porque ele acredita que o governo afegão deve estar na liderança”, afirmou Shahmahmood Miakhel, diretor do Instituro de Paz dos Estados Unidos no Afeganistão. “Ele não é a favor de contato indireto.” As informações são da Dow Jones.