Advogado de iraniana condenada teria fugido para Turquia

O advogado de uma mulher iraniana, Sakineh Mohammadi Ashtiani, que foi condenada à morte por apedrejamento no Irã, fugiu para a Turquia, informou hoje o escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR, na sigla em inglês).

O advogado, Mohammad Mostafaei, desapareceu após ter sido interrogado por funcionários do judiciário iraniano na prisão de Evin, em Teerã, durante horas, no dia 23 de julho, informou a Anistia Internacional. Mostafei reapareceu na Turquia, onde foi detido pela polícia local por problemas com seu passaporte após entrar no país, disse o jornal turco Radikal. O jornal não citou a fonte da reportagem publicada hoje e não informou onde Mostafei está detido.

“Estamos monitorando como esse caso está evoluindo”, disse Metin Corabatir, porta-voz do UNHCR na Turquia. “Os canais estão abertos para que Mostafei peça asilo na Turquia”, afirmou. Um diplomata europeu em Ancara disse que as autoridades turcas contataram várias embaixadas ocidentais para verificar se os países podem oferecer asilo ao advogado.

O diplomata falou sob anonimato por causa da sensibilidade da questão. O Ministério do Interior da Turquia, encarregado dos assuntos de polícia e dos casos de asilo, não quis comentar a situação de Mostafei.

A Anistia Internacional acusou no mês passado o governo do Irã de assediar Mostafei e disse que a esposa e o irmão do advogado foram detidos. Ele mantinha um blog que ajudou a gerar uma onda de indignação internacional com as execuções por apedrejamento praticadas no Irã. A Grã-Bretanha e os Estados Unidos pediram que o método de execução seja banido.

Lula

O Irã disse no mês passado que não irá executar a cliente de Mostafei, Ashtiani, a pedradas, mas ela ainda poderá ser enforcada. Ashtiani foi condenada por adultério. No final de semana passado, num discurso político em Curitiba (PR), o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que o País poderia conceder asilo a Ashtiani. Ele voltou a falar sobre o assunto ontem, durante encontro de presidentes dos países do Mercosul, na Argentina. O governo do Irã, contudo, sinalizou que deverá rejeitar a oferta de Lula.

O grupo de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch, com sede nos EUA, disse que Ashtiani foi condenada em maio de 2006 por ter “relações ilícitas” com dois homens, após a morte de seu marido. Ela tem dois filhos.

Um tribunal em Tabriz, no Azerbaijão iraniano, condenou a mulher a 99 chicotadas. Mais tarde, em 2006, Ashtiani foi julgada novamente e condenada à morte por adultério, apesar dela ter dito que sua confissão foi obtida sob coação.

A pena de morte por apedrejamento foi amplamente imposta no Irã após a Revolução Iraniana de 1979, quando o país passou a ter um regime teocrático islâmico. Mesmo que o judiciário iraniano regularmente suspenda as execuções por apedrejamento, frequentemente os condenados são executados de outras maneiras, como na forca. O último apedrejamento conhecido no Irã foi conduzido pelas autoridades em 2007.

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