Saio de casa aflita:
onde estão os cravos, as rosas?
E as bocas-de-leão?
Busco atenta com os olhos:
e os portões? E as vizinhas conversando ao portão,
vigiadas pelas dálias?
As dálias? Aquelas dálias tão sem graça?
A graça delas era a sem gracesa…
Os girassóis… os girassóis…
Aquele girassol solitário num canto de um jardim qualquer.
Onde está?
Quero as minhas pracinhas!
Aquelas cheias de flores: às vezes amor-perfeito,
outras vezes eram as onze-horas,
a enfeitar os dias de sol.
As pracinhas com os pedregulhos a entrar por dentro
das sandálias.
Nunca mais vi moça ou senhora, a descalçar
suas sandálias, para tirar alguma pedrinha.
Onde estão os jardins onde os namorados
se atreviam a roubar pequenos buquês,
para presentear suas amadas?
Adeus minha cidade florida.
Adeus corações coloridos.
Agora, tudo é cinza…
Margarita Wasserman, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.