Oito suspeitos do assassinato de 44 pessoas durante uma festa de noivado na Turquia foram detidos hoje. Eles são acusados de matar o casal, seus parentes e amigos num ataque que durou 15 minutos. Os agressores se opunham ao casamento. Duas meninas sobreviveram escondendo-se embaixo dos corpos. O ataque aconteceu na região rural no sudoeste do país, onde vínculos tribais e rivalidades podem obscurecer o poder do Estado. O primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan disse que o ataque foi “o resultado de rivalidades entre duas famílias”.

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Forças de segurança, apoiadas por veículos blindados, estabeleceram postos de verificação nas estradas que dão acesso a Bilge, a vila onde os assassinatos aconteceram ontem. As autoridades também cortaram a comunicação telefônica com o pequeno vilarejo. A agência de notícias Anatólia informou que os homens mascarados queriam que a mulher, Sevgi Celebi, se casasse com um integrante de seu próprio grupo de amigos ou parentes, mas a família dela não permitiu.

A agência citou moradores não identificados dizendo que havia uma disputa entre a família dos acusados e a família do noivo e que a família de Celebi resistiu às pressões para cancelar os planos para o casamento. “Nenhum uso ou costume pode ser usado como desculpa para esse massacre”, disse Erdogan. “Este é o doloroso preço de estamos pagando por esses usos e costumes”. Dentre os mortos, disse ele, havia seis crianças, 17 mulheres e 21 homens. Segundo ele, alguns dos suspeitos têm o mesmo sobrenome que as vítimas.

 

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“As pessoas foram mortas durante um evento festivo, durante uma cerimônia, enquanto rezavam”, disse Erdogan em seu pronunciamento semanal aos legisladores no Parlamento. “O fato de apontarem armas e massacrarem crianças, pessoas indefesas é atroz”. Relatos indicam que os homens abriram fogo quando homens e mulheres rezavam, em cômodos separados, de acordo com a tradição em certas partes de Turquia. Uma adolescente disse que perdeu seis membros de sua família. O ministro do Interior, Besir Atalay, disse que oito suspeitos foram detidos. “Eles foram encontrados com suas armas”, disse ele.

A legisladora de oposição Canan Aritman pediu que o governo tome medidas para erradicar o sistema tribal. “Trata-se de algo que não existe nem nas sociedades mais primitivas”, disse Aritman, integrante do painel parlamentar que investiga as chamadas “mortes de honra” entre famílias tradicionais.

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