A apresentação de propostas dos Estados Unidos e China para a redução de emissões de gases do efeito estufa na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), que começa segunda-feira (7), em Copenhague, na Dinamarca, foi um “avanço, sobretudo pela revisão inicial das posições contrárias à apresentação de metas”, avaliou hoje a senadora Marina Silva (PV-AC), ex-ministra do Meio Ambiente e pré-candidata à presidência da República. “Existe uma sopa de metas. Agora vamos ver se somando todas as letrinhas conseguiremos transformá-las em um bê-á-bá. Um número significativo que esteja à altura do planeta”, afirmou, em entrevista à Agência Estado.
O fato de os Estados Unidos, maiores poluidores globais, apresentarem metas ajuda nas discussões rumo a soluções para os problemas decorrentes da mudança climática. “Ao entrar no debate, dificilmente eles (os EUA) vão querer rebaixar as discussões que tivemos ao longo dos últimos 10 anos”, disse. Apesar de destacar o avanço, a ex-ministra considera as metas apresentadas pelos Estados Unidos e pela China “muito aquém” do necessário. Os EUA se comprometeram com redução de 17% até 2020 e a China em cortar até 2020 a intensidade de suas emissões de 40% a 45% por unidade do PIB em relação ao nível de 2005.
A posição proativa do Brasil entre os emergentes nas discussões sobre o aquecimento global mereceu elogios e também reparos da ex-ministra. Para Marina, o Brasil “está se comprometendo menos do que poderia”, ao definir o corte de gases do efeito estufa entre 36,1% e 38,9% sobre o que o País emitiria em 2020. Ela lembrou que em dez anos vários países da União Europeia e os Estados Unidos devem precificar e taxar o carbono de produtos importados. “A sociedade brasileira, em seus mais diversos segmentos, já está percebendo que não podemos mais esperar, sob pena de pagar um preço muito alto em termos econômicos”, afirmou.
A ex-ministra embarca dia 11 para Copenhague, onde participa da conferência do clima, que vai até o dia 18.
Marina participou hoje, em Belém (PA), de encontro regional do Partido Verde. A reunião, disse, serviu para a legenda avançar no processo de reestruturação do partido e na revisão programática, com base nas realidades regionais. Sobre a sua eventual candidatura à presidência da República em 2010, comentou que recebe apoio de vários segmentos da sociedade e lideranças partidárias. “Já temos uma conversa com Heloisa Helena (Psol)”, lembrou, “mas temos que aprofundar o diálogo, para superar as dificuldades e caminharmos juntos”.