Acordo de paz entre Israel e Síria é recebido com cautela

O dramático anúncio de que Israel está negociando um acordo de paz com a Síria provocou uma reação extremamente cética entre os israelenses, hoje. Muitos parecem acreditar que o primeiro-ministro, Ehud Olmert, cuidou para que a notícia fosse divulgada no momento propício para desviar a atenção das acusações de corrupção que ameaçam pôr fim ao seu mandato. As pesquisas de opinião indicam que os israelenses se mostram cautelosos com uma possível retirada das estratégicas Colinas do Golan, mesmo em troca da paz com um dos inimigos mais ferrenhos de Israel.

O anúncio foi feito no mesmo dia em que um tribunal israelense suspendeu um mandado que proibia a imprensa de divulgar detalhes sobre os US$ 500 mil que, segundo a polícia, Olmert recebeu ilicitamente do empresário americano Morris Talansky, dois dias antes de ser interrogado pela polícia. Olmert nega e afirma que o dinheiro serviria para financiar campanhas políticas. Mas a polícia não exclui a possibilidade de suborno.

Os dois jornais concorrentes, Yediot Ahronot e Maariv, estamparam a mesma manchete hoje: "Interrogatório e Paz".

Em uma entrevista publicada hoje, Olmert tentou chamar a atenção para a retomada das conversações depois de uma interrupção de oito anos. "As negociações de paz com a Síria são mais importantes do que todos os boatos e as investigações", afirmou ao Yediot Ahronot. O porta-voz de Olmert, Mark Regev, disse que as conversações, indiretas e intermediadas pela Turquia, estão avançando, e que é esperada outra rodada de discussões "num futuro próximo".

Olmert assegurou ao chanceler da França, Bernard Kouchner, que enquanto negocia com a Síria, Israel pretende continuar trabalhando pela paz com os palestinos, "sem que uma coisa se dê em detrimento da outra", segundo uma declaração do gabinete do primeiro-ministro. De acordo com o comunicado, Olmert "deixou claro que a aspiração do Estado de Israel é selar a paz com os palestinos no próximo ano".

Em uma pesquisa publicada pelo Yediot Ahronot, apenas 36% dos israelenses ouvidos disseram que as negociações com a Síria visam promover a paz. Quarenta e nove por cento afirmaram acreditar que Olmert tentava desviar a atenção da nova investigação policial. A pesquisa, realizada pelo Instituto Dahaf, ouviu 500 pessoas. A margem de erro é de 4,5 pontos percentuais.

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