Abstenção é ponto-chave a 3º mandato de Uribe, diz vice

Fazer com que 25% dos colombianos votem no referendo sobre uma reforma constitucional será o passo mais difícil a ser superado pelo presidente Álvaro Uribe para alcançar seu terceiro mandato. A avaliação é do vice-presidente da Colômbia, Francisco Santos Calderón, que ontem conversou com o jornal O Estado de S. Paulo sobre a política interna e a polêmica em torno das bases militares colombianas que serão usadas pelos Estados Unidos. Uribe obteve do Congresso a autorização para convocar um referendo no qual os colombianos decidirão se o presidente pode concorrer a um terceiro mandato consecutivo. Mas, antes, a Corte Constitucional julgará a legalidade da proposta.

De acordo com o vice-presidente, o maior desafio será levar 25% dos eleitores – equivalente a 7 milhões – às urnas. O número é necessário para validar o referendo. Para ter a reforma aprovada, Uribe precisará de maioria simples: 50% dos votos mais um. “Em 2006, Uribe, em seu ponto de máxima popularidade, obteve 7,2 milhões de votos. Agora, ele terá de convencer um número de colombianos maior que este a votar”, disse o vice-presidente. A tática da oposição será incentivar a abstenção para evitar a validação do referendo, independentemente do resultado da consulta.

Eleito pela primeira vez em 2002, Uribe já conseguiu mudar a Constituição para reeleger-se em 2006. Depois disso, o presidente optou pelo silêncio em relação a seus planos de mais um mandato. Ele afirma que apenas sairá como candidato se a proposta for aprovada por um referendo. No entanto, para o vice-presidente, a possibilidade de Uribe se reapresentar são claras. “Se a Corte aprovar e se a população apoiar, não vejo por que não possa seguir”, disse. Questionado sobre se permaneceria ao lado de Uribe para um terceiro mandato, Santos preferiu não responder.

Bases militares

Sobre a polêmica das bases militares que serão usadas pelos americanos, Santos insistiu que a Colômbia não tinha de consultar os demais países da região antes de tomar a decisão de cedê-las. “Essa era uma questão de soberania”, disse. “O presidente Uribe foi à reunião da Unasul responder às questões e esclarecer tudo, mas não tínhamos de consultar ninguém”, afirmou.

Segundo ele, os países da região não devem se preocupar. “Não se trata de uma ameaça a ninguém”, declarou. “O acordo garante que as bases somente serão usadas para ações dentro do território colombiano. Qualquer atuação fora das fronteiras está proibida.”

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna