Um grupo de pessoas que residem em Curitiba e Região Metropolitana atuam como verdadeiros anjos da guarda de animais domésticos e silvestres abandonados ou vítimas de maus tratos. São os integrantes da organização não-governamental Associação Amigo Animal, uma entidade de proteção animal sem fins lucrativos que tem sede na capital e é mantenedora da Chácara São Francisco de Assis, no município de Campo Magro. O local serve de morada para centenas de cães sem dono.
Tudo começou há cerca de dez anos, quando a então funcionária de uma clínica veterinária de Curitiba, Julia Misga (hoje uma das proprietárias da Chácara São Francisco) se comoveu com a situação de cães e gatos abandonados ou deixados no estabelecimento para eutanásia e começou a levá-los para casa. ?Eu ficava com muita pena quando os animais eram abandonados na porta da clínica ou deixados para serem mortos. Então, eu os pegava e dizia para o meu patrão que iria arrumar-lhes donos. Sem conseguir quem os quisesse, eu acabava ficando com eles em minha casa?, conta Julia.
Julia: ?Ficava com pena quando os animais eram abandonados?. |
O número de cães e gatos chegou a cem e posteriormente a trezentos. Quando isto aconteceu, ela já não tinha mais espaço físico nem condições financeiras para sustentar os animais sozinha. Foi aí que surgiu a Associação Amigo Animal, quando um grupo de pessoas que já trabalhavam como voluntárias em instituições ligadas à proteção animal resolveu se unir e criar uma entidade com o objetivo de apoiar o trabalho que Julia desenvolvia.
?A Amigo Animal surgiu a partir da consciência coletiva de que todos devem ajudar e são responsáveis pelos animais, que não possuem voz para defender seus direitos. Para fundar a entidade, em 7 de julho do ano 2000, nos reunimos, criamos um estatuto e organizamos assembléias. No momento, damos sustentação financeira e administrativa ao trabalho de Julia e também de seus familiares, que abraçaram a causa e passaram a colaborar com a proteção de bichos abandonados?, lembra uma das voluntárias e fundadoras da associação, a auditora fiscal aposentada Laelia Tonhozi.
Laelia diz que dá sustentação financeira e administrativa. |
A chácara que leva o nome de São Francisco de Assis, santo considerado o protetor dos animais, foi adquirida há cinco anos pela família Misga. ?Anteriormente, os animais eram mantidos em uma propriedade na capital. Porém, o lugar começou a ficar pequeno, estava incomodando os vizinhos e acabou se transformando em um depósito de bichos. Como era de fácil acesso, as pessoas não paravam de abandonar cachorros e gatos na porta?, comenta Laelia. Atualmente, equipada com uma série de canis, a chácara de Campo Magro abriga oitocentos cães e encaminha outros animais a demais entidades responsáveis.
Segundo Laelia, já foram abandonados no local até cavalos, uma cobra e um jabuti. No que diz respeito a felinos, a associação mantém uma parceria com outra instituição da capital, chamada Gatos Mil, que dá abrigo aos animais. ?Não temos como manter os gatos junto com os cães. Por isso, assim que encontramos os felinos abandonados os encaminhamos à Gatos Mil, que por sua vez os trata e os destina para adoção. Também viabilizamos recursos financeiros para que a entidade dê sustentação ao acolhimento, recuperação e encaminhamento dos bichinhos?.
Moradores
Dos cães que vivem na Chácara São Francisco, a maioria não possui raça definida, sendo popularmente chamados de vira-latas. Porém, entre os animais, é possível encontrar mesmo alguns exemplares de poodle, uma das raças preferidas pelas crianças e por pessoas que moram em apartamento. Dos animais de raça, a maioria já está em idade avançada ou possui algum tipo de enfermidade, tendo sido largados à própria sorte por seus antigos proprietários. Além de animais adultos, também é mantida uma grande quantidade de filhotes. Destes, muitos foram abandonados, em ninhadas, no portão da chácara ou na porta das casas dos integrantes da associação.
?Já não temos espaço nem condições financeiras de abrigar mais nenhum animal. Entretanto, eles continuam sendo abandonados em grande quantidade em nossas portas. Para mantê-los, dependemos de doações e muitas vezes não as recebemos na quantidade necessária. Temos que arcar com luz e água consumidas na chácara, pagar cinco funcionários para cuidar dos cães e disponibilizar trezentos quilos de ração diariamente. Como a ração não é suficiente, também disponibilizamos alimentos comuns aos cães. Com tudo isso, gastamos cerca de R$ 15 mil mensais?, revela Laelia. Para obter recursos financeiros, a associação também realiza bingos periódicos e vende camisetas.
Doações
São diversas as formas de ajudar a associação, que aceita doações de jornais, rações, produtos de limpeza, medicamentos de uso veterinário, materiais de construção, caixas de papelão, tapetes, e dinheiro. Porém, a melhor maneira de contribuir é não abandonando animais e adotando os cães que vivem na chácara. Para isto, basta visitar o local, escolher o animal e se comprometer a bem tratá-lo, assinando um termo de compromisso.
?Nossos cães não possuem raça, mas podem ser grandes amigos e companheiros. Além disso, os vira-latas são considerados mais resistentes a doenças e também podem desempenhar muito bem a função de cães de guarda?, diz a voluntária. ?Na maioria das vezes, quem nos procura quer adotar filhotes. Porém, é importante que as pessoas saibam que cães adultos também podem se adaptar a novos lares e passar a obedecer seus proprietários?.
Serviço – Outra forma de ajudar a Associação do Amigo Animal é realizando doações em dinheiro. Os valores são utilizados para compra de rações, vacinas, medicamentos e serviços de manutenção da Chácara São Francisco de Assis. Doações de qualquer valor podem ser feitas através de três contas bancárias:
* HSBC: agência 0152, c/c 04351-31 (Associação do Amigo Animal).
* Itaú: agência 3705, c/c 02097-6 (Marcelo Misga – presidente da associação)
* Bradesco: agência 2015, c/c 21643-7 (Marcelo Misga – presidente da associação).
Parceria com a Gatos Mil: ajuda aos felinos
A Gatos Mil, entidade que trabalha em parceria com a Associação Amigo Animal, também surgiu da iniciativa de uma única pessoa. Há cerca de 18 anos, a responsável pela entidade, Maria Cristina Toledo, começou a recolher gatinhos abandonados e abrigá-los em sua casa.
Ela começou adotando seis felinos e, no período de um ano, já tinha quarenta. Atualmente, ainda em sua residência, localizada no município de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, mantém 180. Semanalmente, três ou quatro são destinados à adoção.
?Meu trabalho é recolher os gatos, castrá-los (com o apoio de médicos veterinários voluntários) e encaminhá-los para adoção. Diariamente, eles consomem entre dez e doze quilos de ração. Para conseguir alimentá-los, recebo doações de pessoas voluntárias, vendo camisetas e bombons?, afirma Maria.