A visão espírita da violência

A onda de violência que assola o país tem merecido debates e análises diversas. Uma reação contra o nível de insegurança deu-se quando uma organização criminosa orquestrou a maior rebelião penitenciária do país, atingindo simultaneamente cerca de 15 delas em diversas cidades. Necessário investir em segurança pública e na construção de novos presídios, verdadeiros barris de pólvora por motivos de todos já conhecidos.

Das causas mais comuns listadas pelos especialistas temos: pobreza e desigualdades sociais, corrupção na polícia causada por impunidade e má remuneração, falta de verbas e recursos tecnológicos no trabalho repressivo, descompassos metodológicos e burocráticos entre as atuações das polícias Civil e Militar e no Judiciário, leis excessivamente brandas ou mal aplicadas, etc.

Para o sociólogo americano John Laub, muitos abandonam a criminalidade motivados por uma ligação afetiva ou pela identificação com o trabalho. Relaciona ainda a educação e a religião. O casamento é o mais importante enquanto as pesquisas no terreno da influência da religião não seriam conclusivas. “À primeira vista, as pessoas religiosas são menos propensas ao crime, mas como as crianças ligadas à religião são as mesmas que têm uma relação mais próxima com a família, já não se sabe qual dos dois fatores é o determinante.” O resultado da atuação das religiões tradicionais ocidentais é secundário e conseqüente à boa estruturação familiar. A religião ajuda a disciplinar as pessoas porque é ministrada em lares de boa formação. Sozinha, fora do lar ou em condições econômicas miseráveis ou ambiente de contato com os vícios, nos moldes como é ensinada e vivenciada, raramente logra êxito.

Diferente do conjunto de conhecimentos de ordem filosófica e moral, com respaldo científico como o Espiritismo. Uma vez o indivíduo fosse informado adequadamente a respeito da reencarnação e da lei de causa e efeito Deus e a sobrevivência da alma são princípios comuns a todas as religiões certamente se preocupariam mais com o futuro. Longe a ingenuidade de crer que ser espírita resolveria todos os problemas. É claro que violência é o reflexo de situação conjuntural. A questão é que no Brasil até bandido acredita e pede ajuda a Deus.

Nas respostas às questões 629 e 630 de O Livro dos Espíritos vemos que moral é “a regra da boa conduta” com a possível distinção entre o bem e o mal porque “bem é tudo o que está de acordo com a lei de Deus e mal tudo o que dela se afasta, este com diferentes graus de responsabilidade, proporcional ao conhecimento. Na questão 644, Allan Kardec indaga se o meio em que certos homens vivem não é o motivo principal de muitos de seus vícios e crimes. “Sim dizem os benfeitores , mas é a conseqüência de prova escolhida pelo espírito antes de reencarnar; desejou expor-se à tentação para ter mérito na resistência. Há arrastamento, mas não irresistível.” O progresso se dá pela melhor compreensão do que é o mal e correção de seus abusos. “É preciso que haja excesso do mal para fazer-lhe compreender a necessidade do bem e das reformas.”

Há necessidade de mobilização geral da sociedade em prol da paz. A violência deve ser combatida de diversas formas, coercitiva e preventivamente, pelas autoridades e pelo cidadão comum, pela eliminação dos fatores mais presentes nos discursos dos especialistas, mas principalmente banida dos corações dos homens. O orgulho e o egoísmo são os maiores entraves ao progresso e o medo, a aflição, as agressões, seqüestros, estupros e mortes são indícios de atraso moral e distanciamento da felicidade humana. Maior que estes seja a ignorância espiritual, fruto da falta da educação no sentido amplo. Os princípios espíritas bem conhecidos e assimilados por um grande número de indivíduos, estabelecendo maioria e desencadeando processo de conscientização sobre o nosso ser, estar e agir no mundo, traduzido na prática diária, transformariam a sociedade para melhor. Somos egoístas e orgulhosos, tolos e arrogantes, corruptos e cruéis porque ignoramos de fato quem somos, de onde viemos; por que estamos aqui; e para onde vamos. A falta de espiritualização do homem é a causa de tudo. Miséria, crueldade, egoísmo, injustiças, leis imperfeitas, fanatismo, desagregação familiar, ódios, corrupção não passam de efeitos.

Coluna sob a responsabilidade da Associação dos Divulgadores do Espiritismo no Paraná – e mail:

adepr@adepr.com.br

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