Puxa! A situação ficará complicada. E agora? Com a jóia nas mãos, ela olhava e olhava. Muito bonita. O dia estava muito claro, o sol batia em cheio nas janelas da sala da TV e do piano. O chamado jardim de inverno. Mas o que ela sentia, apesar do calor do sol, era uma preocupação muito grande que lhe dava arrepios de frio. O que fazer?
A decisão foi tomada, não havia outro jeito de safar-se daquela situação tão problemática: dia seguinte, com a pulseira na caixa e munida do carnê de pagamento, ela dirigiu-se até a joalheria e chamou pelo gerente. Parece-me que o seu nome era Enio. Ela falou rápido e muito constrangida que, por problemas inesperados, apesar das três parcelas já pagas, não teria mais condições de continuar pagando a pulseira… Estava devolvendo… O gerente devolveu a caixa pra cliente e falou ?Não!? . As lágrimas correram e as súplicas dela chamaram a atenção dos outros funcionários e dos clientes que se acercaram. Então o gerente falou : ?Mas, a senhora quando comprou não ficou feliz?? ?É, mas…?
?Não tem mais nem meio mais. Não vou receber de volta e pronto.? As lágrimas correram mais e mais, então ele completou: ?Olha, estou anotando aqui, no carnê, que o caixa deverá receber a quantia que a senhora puder pagar, quando puder pagar e leve o tempo que demorar…!?
Alguns meses depois, a última parcela foi paga e ela passou a usar a jóia feliz da vida…
Margarita Wasserman – Escritora e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná