Aconteceu quando eu estava em férias e, por isso, só agora estou abordando o assunto, que de resto nunca perde oportunidade. Em fins de junho, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, secção do Paraná, José Hipólito Xavier da Silva, durante uma mesa redonda promovida pela União dos Vereadores do Paraná, defendeu a estatização dos cartórios. Segundo ele a estatização dos cartórios judiciais democratizaria a Justiça e reduziria as custas judiciais.
E disse mais: “Os cartórios judiciais se transformam em empecilho para as camadas mais pobres da sociedade terem acesso à Justiça”. E deu como exemplo as causas cujos valores não excedem a 600 reais, quando as custas chegam a esse mesmo valor. E completou: “Uma função do Estado está sendo exercida pela atividade privada, que visa lucro, e com isso se está cometendo uma injustiça com as camadas mais pobres da sociedade”.
Xavier da Silva denunciou ainda que na Assembléia Legislativa há uma bancada cartorial, bancada tão forte que aprovou um reajuste nas custas judiciais em nada menos do que 1.500%. Esse projeto foi vetado pelo governador Jaime Lerner e o veto foi descaradamente derrubado pelos deputados.
Pobre Ordem dos Advogados do Brasil, que tentou plantar a moralidade e acabou colhendo a imoralidade.
Pior que isso está no futuro que nos aguarda. Já se fala numa nova reforma judiciária, que pode, no fundo, ser necessária, mas que, como já nos acostumamos a ver, vai acabar criando novos cartórios que, como nos filmes passados, serão confiados aos deputados que ainda não os tem ou aos seus parentes. Enquanto o povo paga a conta.
P.S
– Eu também quero um.