Um informe divulgado em Genebra assinalou que 2003 foi o terceiro ano de maior calor na classificação da Organização Meteorológica Mundial (OMM), apenas superado pelos anos de 1998 e 2002.
Em 1998 a temperatura média foi 0,55 grau superior à considerada “normal”, calculada com base a dados do período 1861-1990, seguido por 2002, com 0,48 grau a mais. O ano de 2003 superou aquela temperatura, segundo os dados disponíveis até agora, em 0,45 grau.
Segundo Michel Jarraud, secretário-geral da OMM, “a Europa e o Mediterrâneo registraram em 2003 uma onda de calor sem precedentes em junho, julho e agosto”.
As temperaturas superaram os 40 graus em numerosos países. Na França, Itália, Holanda, Portugal, Grã-Bretanha e Espanha mais de 21 mil mortes acima da média nessa época foram atribuídas às temperaturas excessivas.
O grande calor provocou, além disso, grandes incêndios de bosques e, nos Alpes, a diminuição da espessura dos gelos.
Ondas de calor afetaram também países como Canadá, parte dos Estados Unidos, da China e da Rússia.
O recorde de 1998 como ano mais quente não foi batido por 2003 porque outras regiões do mundo registraram períodos de frio fora do comum, como é o caso do norte da China e o Japão.
O recorde de 1998 deve muito também ao fenômeno conhecido como El Niño, frisou a OMM, que recordou que a classificação dos anos mais quentes começou em 1861, quando começaram as medições instrumentais das temperaturas.
Além de ser o terceiro ano mais quente nesse período de quase um século e meio, outros fenômenos meteorológicos caracterizaram 2003.
Esse ano foi marcado por numerosas inundações. O rio Ganges, por exemplo, alcançou seu nível mais alto desde 1975, provocando centenas de vítimas. Importantes inundações também ocorreram na China, com cerca de 2 mil mortes. Em fevereiro, uma quantidade recorde de neve caiu nos Estados Unidos.
Em 2003 também foram particularmente numerosos os furacões, tufões e ciclones tropicais. Cerca de 16 grandes tempestades ocorreram no Atlântico na estação dos furacões.
Quanto ao buraco na camada de ozônio sobre a Antártida, este chegou no ano passado a dimensões próximas ao recorde de 28 milhões de quilômetros quadrados de 2000.
Na região ártica, os gelos continuaram derretendo e chegaram a níveis próximos ao mínimo histórico de 5,3 milhões de quilômetros quadrados, observado em setembro de 2002.
Para os especialistas da OMM e da ONU, a atividade humana é uma das principais causas do fenômeno de aquecimento do planeta.
