Rio de Janeiro (AE) – O sexo feminino demonstrou força na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) divulgada hoje (25 (AE) pelo IBGE. Meninas, jovens adolescentes e mulheres adultas levaram vantagens sobre a população masculina em praticamente todos os indicadores sócio-econômicos e demográficos no ano passado, período abrangido pela pesquisa. Mesmo nas áreas que não se saíram vitoriosas – como na comparação com a de rendimentos diretos do trabalho com os homens – elas conseguiram encurtar ainda mais a distância, em vários segmentos da economia.
Foram as mulheres, por exemplo, que contribuíram de maneira significativa para o aumento de 3,2% registrado no contingente das pessoas ocupadas em 2004. Em números absolutos 2 7 milhões de pessoas entraram no mercado de trabalho, com a parcela feminina ocupando 1,511 milhão das novas vagas, ante 1 143 milhão conquistadas pela população masculina. O índice de mulheres ocupadas chegou a 45,6%, o maior registrado até hoje, superando mesmo o recorde anterior de 44,6% observado em 1995. Na Região Sul, o desempenho foi ainda melhor, com 52,8% da população feminina integrada ao mercado de trabalho.
Na composição por gênero nas diversas atividades de trabalho pesquisadas pela PNAD, verificou-se um porcentual muito reduzido de mulheres ocupadas na construção civil (2,5%), enquanto nos serviços domésticos a parcela feminina representava 93,3%. O contigente feminino também suplantou o masculino em atividades como educação, saúde e serviços sociais (77,4%) e na maioria das atividades coletivas e sociais (58,6%). No segmento alojamento e alimentação ocorreu uma espécie de empate técnico: 50,2% da população ocupada era masculina ante 49,8% da parcela feminina.
Em 2004, o rendimento médio mensal de trabalho das pessoas ocupadas ficou em R$ 730,00, com o rendimento feminino pressionando para baixo a média nacional. Os pesquisadores do IBGE acreditam que, além de aspectos históricos, as diferentes formas de inserção de homens e mulheres no mercado, o tipo e o segmento de trabalho, além do cargo ocupado e do número de horas trabalhadas são fatores que contribuem para que as mulheres permaneçam ganhando menos do que os homens. Essas diferenças, apontadas pelos pesquisadores da PNAD justificariam, pelo menos em boa parte, o fato de o valor médio recebido pelas mulheres no ano passado ter ficado em torno de R$ 580, ou 69,5% dos rendimentos recebidos pela parcela masculina (R$ 835).
O melhor desempenho das mulheres, em termos de salários, ocorreu no mercado formal de trabalho, com a diferença de rendimentos caindo para 10,8%. Mesmo nos trabalhos domésticos, onde o contigente feminino exerce forte predomínio (17% das mulheres exercem trabalhos domésticos), homens receberam 27% a mais do que elas, embora, neste caso, a diferença esteja mais ligada ao menor número de horas trabalhadas pelo contigente feminino.
Nos indicadores educacionais, a população feminina também levou vantagem sobre o contigente masculino, em todas as faixas etárias e níveis de escolaridade. Apesar da média nacional de anafalbetismo entre homens e mulheres ter sido praticamente a mesma (10,8% para homens e 10,2% para mulheres), a análise por faixas etárias revela diferenças significativas. A taxa de analfabetismo para a faixa entre 10 e 14 anos, por exemplo, ficou em 4,0% para os meninos e 2,3% para as meninas. Há cinco anos, esses porcentuais eram, respectivamente, 7,0% e 4 0%.
As meninas são maioria na pré-escola (de 5 a 6 anos) e no chamado ensino fundamental (dos 7 aos 14 anos). Na média nacional, mulheres têm mais tempo de estudo (7,9 anos) do que homens (6,9 anos). A maior escolarização das mulheres também se refletiu no mercado de trabalho. Entre as pessoas ocupadas, 40% das mulheres apresentavam 11 ou mais anos de estudo em 2004, antes 29,2% dos homens nas mesmas condições de escolaridade. "Ao contrário dos homens, as mulheres estudam cada vez mais na medida em que progridem no mercado de mercado", analisam os pesquisadores do IBGE.