Brasília (AE) – Renilda Santiago Fernandes, mulher do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, que depõe amanhã (26) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, terá de responder a todas as perguntas que lhe forem feitas. Ao contrário do que aconteceu com Marcos Valério e com os ex-dirigentes petistas Silvio Pereira e Delúbio Soares, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou-habeas corpus a Renilda. Mas o presidente do STF, Nelson Jobim, decidiu que ela não precisa fazer juramento de só falar a verdade.

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Depois de saber da decisão de Jobim, o relator da CPI, Osmar Serrraglio (PMDB-PR), afirmou que Renilda poderá receber voz de prisão, se mentir. "Tudo depende da evolução da audiência (depoimento). A comissão terá que ser muito ponderada, mas a prisão poderá ser feita, contanto que se justifique". Ele disse ainda que já identificou pelo menos um motivo para que o empresário Marcos Valério seja preso.

"Valério poderá ser preso por destruição de provas, embora ele tenha dito que não tem nada ver com isso e que teria sido seu contador quem tomou a iniciativa de destruir documentos das agências de publicidade", disse.

Em sua decisão, Jobim cita o artigo 206 do Código de Processo Penal (CPP) para determinar que Renilda compareça à CPI. Esse dispositivo legal diz que o cônjuge terá de prestar depoimento quando "não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias". O presidente do Supremo afirmou ainda que, conforme o artigo 186 do CPP, que o direito de se calar só pode beneficiar uma pessoa acusada por uma autoridade. Ele não considerou que Renilda esteja depondo como acusada pela CPI.

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Poucas horas depois do despacho de Jobim, o advogado de Renilda, Marcelo Leonardo, apresentou novo pedido ao Supremo, solicitando que o presidente da Corte concedesse à sua cliente o benefício de ficar em silêncio diante do risco de ela ser presa durante seu depoimento. De novo, Jobim negou o recurso.

O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) considerou estranha a decisão do Supremo. "Não foi concedido o habeas-corpus mas, ao mesmo tempo, ela poderá não responder as perguntas e tem o direito de ficar em silêncio naquilo que achar que a vai autoincriminar", observou ACM Neto. "Essa decisão tem mais efeito psicológico do que jurídico", disse.

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ACM Neto lembrou que, na sexta-feira passada, o presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), reuniu-se com o presidente do Supremo, ministro Nelson Jobim, para solicitar que não fossem dados habeas corpus indiscriminadamente a depoentes da CPI dos Correios. "E a decisão agora do Jobim vai nesse sentido de limitar o habeas corpus", afirmou.

Nos depoimentos na CPI, foram muitas as vezes em que Valério, Delúbio e Sílvio Pereira se calaram. O empresário, por exemplo, se recusou a fornecer dados sobre o tipo de aplicações financeiras usadas para duplicar seus ganhos. Já Delúbio se calou diante da maioria das perguntas: nem quis nominar os partidos que participavam de reuniões do PT para discutir base nem informar os destinatários de recursos do caixa 2 para pagamento de dívidas dos diretórios regionais de seu partido. Sílvio Pereira se negou, em várias oportunidades, a dar informações sobre seu patrimônio.