Muitos homens justificam a violência contra o sexo feminino porque suas companheiras não executam as tarefas domésticas de acordo com as expectativas, revela o psicólogo e consultor do Instituto Promundo, Dario Córdoba. O Promundo, em conjunto com o Instituto Noos, duas organizações não-governamentais, divulgaram em 2003 uma pesquisa revelando que 51,4% desses homens usaram algum tipo de violência física, psicológica ou sexual contra sua parceira pelo menos uma vez; 25,4% afirmaram ter usado violência física. O trabalho entrevistou 749 homens de 15 a 60 anos em dois bairros do Rio de Janeiro, Bangu e Botafogo, envolvendo três comunidades, duas de baixa renda e uma de classe média.
Córdoba diz que a questão da violência está associada aos padrões sócio-culturais. "Existe um modelo que diz que o homem deve ter certas pautas de conduta, como virilidade. Isso significa estar mais ligado à sexualidade do que às relações afetivas estáveis, usar mais a violência para resolver conflitos do que o diálogo, e também, na área da sexualidade, decidir se usa ou não o preservativo", explica.
Diante da mentalidade dos homens constatada na pesquisa, o Instituto Promundo desenvolve atividades em bairros da capital carioca onde a violência faz parte do cotidiano dos moradores. A idéia é mostrar aos homens que eles devem repensar o seu comportamento como parceiros e pais. Segundo Córdoba, os resultados são percebidos na mudança de atitude, já que muitos passam a condenar aqueles que adotam comportamento violento."O grande desafio é repensar a masculinidade não apenas do ponto de vista judicial, mas sob a ótica do comportamento do homem", conclui.