O Movimento dos Sem-Terra (MST) pretende reunir em junho 17 mil militantes de 24 Estados em Brasília para discutir os rumos da reforma agrária. Os sem-terra ficarão acampados durante cinco dias, entre os dias 11 e 15, nos arredores do Ginásio Nilson Nelson, na região central da capital federal – cerca de 2 quilômetros em linha reta do Palácio do Planalto. O ginásio será usado para os debates.
O congresso do movimento, na quinta edição, pretende ser o maior desde que o MST foi fundado, em 1984. O número de militantes deve superar os 15 mil que participaram da marcha nacional de Goiânia a Brasília, em maio de 2005. Na ocasião, o evento terminou em pancadaria envolvendo policiais e sem-terra, na Esplanada dos Ministérios. Pelo menos 50 pessoas ficaram feridas.
Desta vez, o MST não prevê nenhuma pressão direta sobre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo Gilmar Mauro, da coordenação nacional. "Será o momento de fazer as discussões e estabelecer as táticas", diz. O tema central, "Reforma Agrária: por Justiça Social e Soberania Popular", será discutido internamente com especialistas convidados, entre eles sociólogos, economistas e humanistas. O papel do Estado sob a gestão de Lula e a conjuntura política internacional estarão incluídos nos debates.
O tema surgiu, segundo Mauro, da compreensão de que o combate às desigualdades e efetiva participação política da população depende da mudança na estrutura fundiária. "O mundo passou por um processo de globalização capitalista que impôs o agronegócio ao meio rural dos países periféricos." O modelo agroexportador, segundo ele, expulsa a mão de obra do campo e não distribui renda.
O evento será também espaço de confraternização interna, segundo o líder. "Vamos ter a oportunidade de encontrar companheiros que fazem a luta em outras regiões." O Estado de São Paulo deve mandar 800 líderes para o encontro. Só do Pontal do Paranapanema oeste do Estado, partirão seis ônibus.