Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) que invadiram nesta manhã o prédio onde funcionam a delegacia regional do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) e a superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no centro de Porto Alegre, prometem passar a noite no local. O grupo de cerca de 350 pessoas entrou no prédio antes de o expediente começar, mas não impediu que os funcionários trabalhassem. Eles dizem que continuarão nos corredores até que o governo anuncie a aquisição de pelo menos algumas de nove áreas em vista para assentamentos no Rio Grande do Sul.
Recebidos em reunião pelo superintendente do Incra, Mozar Artur Dietrich, e pelo delegado regional do MDA, Nilton De Bem, os líderes dos sem-terra foram informados de que o processo de aquisição de uma fazenda de 3,7 mil hectares para assentamento de 190 famílias em Itacurubi deve ser concluído nesta semana. Mesmo assim, avisaram que ficariam no prédio até o negócio ser confirmado.
O MST reclama do atraso nas metas da reforma agrária no Rio Grande do Sul. Alega que o Incra prometeu assentar 1.070 famílias no Estado neste ano e só cumpriu uma pequena parte da meta, beneficiando 85 até agora. Os sem-terra mantêm 2,5 mil famílias acampadas à beira de rodovias em diversas regiões do território gaúcho à espera de assentamento.
Em Jóia, no noroeste do Estado, a Brigada Militar pode deflagrar amanhã a operação de despejo de 320 sem-terra que invadiram a Granja Saúde em 4 de setembro. A reintegração de posse aos proprietários, entre os quais o ex-presidente do Incra Ruben Ilgenfritz da Silva, foi concedida pela juíza Simone Brum na quarta-feira passada e deveria ser cumprida até o final desta tarde. Como os sem-terra não saíram e prometeram iniciar o plantio na fazenda, o major Felisberto Silveira, comandante regional da Brigada Militar, anunciou que fará cumprir a decisão da Justiça com a presença da força policial.
Os invasores estão instalados nos silos da propriedade e dizem que querem acelerar o assentamento de 85 famílias na área de 1,1 mil hectares. O Incra está comprando a Granja Saúde, ofertada pelos proprietários para a reforma agrária, mas alega que o fechamento do negócio ainda depende de autorização da Casa Civil da Presidência da República.