MST pode marchar para a oposição ao governo Lula, diz Dom Balduíno

O presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CNDES), Dom Tomás Balduíno, criticou há pouco a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva da Conferência Nacional Terra e Água, que se realiza em Brasília. "Se aqui estivessem presentes dois mil empresários, será que Lula deixaria de vir?", questionou Dom Balduino diante de uma platéia de 9.000 sem-terra, índios e quilombolas.

Em discurso na conferência, ele criticou o modelo econômico adotado pelo governo Lula e disse que o Banco Central é a sede de um poder subordinado que representa o setor econômico-financeiro. A alusão ao banco está ligada ao fato de que os participantes da conferência sairão, no início da tarde de hoje, em marcha a partir do Ginásio Nilson Nelson, onde se realiza o evento, até o BC, para protestar contra a política econômico-financeira do governo. O Banco Central tem sido motivo de críticas na conferência, sobretudo por manter a taxa básica de ju ros em nível elevado.

Em entrevista após seu discurso na conferência, Dom Balbuíno disse que há a possibilidade de o Movimento dos Sem-Terra (MST) marchar para a oposição ao governo, em virtude do distanciamento dele dos objetivos dos trabalhadores que o elegeram.

Ele avaliou que a ausência de muitos integrantes do governo da conferência já mostra esse distanciamento. "Esta conferência sinaliza um caminho de autonomia e independência em relação ao governo", disse. "Começa a haver um descolamento dos movimentos sociais em relação ao governo".

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