O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) está pedindo doações em dinheiro para organizar, no primeiro semestre de 2005, uma marcha nacional a Brasília para pressionar o governo a apressar a reforma agrária.
A marcha terá como alvo a política econômica do governo, que o movimento considera responsável pela falta de assentamentos. O apelo começou a ser distribuído hoje, pela internet, com o número da conta para os depósitos.
Segundo o documento, assinado por representantes da Via Campesina, da qual o MST faz parte, da Associação Grito dos Excluídos, da Central de Movimentos Populares, do Sindicato dos Advogados de São Paulo e da Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul, a vitória eleitoral do governo Lula abriu expectativas de que o processo de democratização da propriedade da terra caminhasse mais rapidamente.
"Criou-se uma esperança nas famílias de trabalhadores rurais sem-terra de que a terra seria repartida. O tempo foi passando e a lógica perversa do funcionamento do Estado, aliada às diretrizes de uma política econômica claramente neoliberal, que prioriza alta taxas de juros, o superávit primário, o agronegócio e as exportações, retiraram os recursos necessários para a Reforma Agrária", diz o texto.
Segundo os autores do documento, o governo está em dívida com os movimentos sociais. "Antes de eleito, assumiu o compromisso de honrar todos os contratos, inclusive o Plano Nacional de Reforma Agrária, mas até agora não cumpriu! O povo brasileiro está esperando. Assim, como estamos à espera do acordo de dobrar o valor aquisitivo do salário mínimo." O documento informa que o MST, os Movimentos da Via Campesina e outras forças sociais planejam transformar a Marcha para Brasília "numa longa caminhada para dialogar com a sociedade sobre a necessidade da Reforma Agrária no desenvolvimento do País, para chamar atenção da sociedade e do governo de que a Reforma Agrária ainda é o caminho mais rápido, menos custoso e mais justo para garantir trabalho, alimento, renda, escola para os filhos e futuro digno para milhões de brasileiros e brasileiras que vivem na pobreza no meio rural."
O texto termina com o pedido de ajuda financeira. "Para realizarmos a Marcha, que custará o sacrifício de milhares de homens, mulheres e crianças, precisamos de sua solidariedade. Contribua com o que puder e como puder." Informa em seguida que "algumas entidades amigas abriram uma conta especial para essa atividade e se comprometem, pela internet e por outros meios, a publicar o balanço de todos os recursos que forem destinados. Deposite qualquer valor."
A conta, aberta no Banco Itaú, está em nome da Associação Grito dos Excluídos Continental. A coordenação nacional do MST informou que a marcha terá várias frentes, saindo de diversos Estados, mas as datas ainda serão definidas.
