Apesar de preparar uma série de atividades e ocupações para março e abril, envolvendo cerca de 120 mil pessoas que estão acampadas, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) não pretende realizar um novo "Abril Vermelho".
A expressão, cunhada pelo membro do MST João Pedro Stédile, marcou as manifestações realizadas pelos movimentos de luta pela terra nos últimos anos. Segundo João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do movimento, as mobilizações deste ano serão "de muitas outras cores".
Rodrigues afirma que os mais diversos movimentos sociais deverão ir às ruas, em função dos dez anos do massacre de Eldorado dos Carajás (PA), em 17 de abril. Em 1996, 19 trabalhadores sem-terra foram executados em confronto com a Polícia Militar do Pará.
A tarefa de discutir a reforma agrária, diz João Paulo, "tem que ser do conjunto do povo brasileiro". "Não pode ficar um simples conflito entre o MST e os latifundiários. Nós achamos que isso não é bom para o MST, não e bom para o Brasil, nem é bom para a reforma agrária."
Ainda segundo o MST, todos os movimentos integrantes da Via Campesina no Brasil podem participar das mobilizações que ocorrerão em março e abril. A organização reúne movimentos sociais rurais presentes em 56 países. No Brasil, o MST e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) são filiadas à rede.