Mais de 3.600 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram em 4 de abril uma propriedade de 3 mil hectares pertencente à Veracel Celulose, em Santa Cruz de Cabrália, perto de Porto Seguro (BA). As famílias derrubaram mais de 30 hectares de eucalipto para a organização do assentamento e o preparo da terra com o objetivo de plantar feijão e milho.

continua após a publicidade

O MST usou como argumento para a invasão a expulsão do pequeno produtor rural do campo pela empresa. Segundo um dos líderes da ocupação, Oronildo Costa, "eles compraram grandes áreas daqui, impedindo que o pequeno agricultor tire da terra seu alimento, obrigando-o a migrar para as cidades". A Veracel conseguiu a reintegração de posse da região cinco dias após a invasão, alegando produtividade. Escoltados por 300 policiais militares, os sem-terra desocuparam a área e mudaram-se para um terreno vizinha à empresa, em troca de promessas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do governo da Bahia.

A ocupação teve grande repercussão na época e foi repudiada pelos principais segmentos da política nacional. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto disse, em nota oficial, que "acontecimentos como os ocorridos na Bahia em nada contribuem para o andamento da reforma agrária". "São inaceitáveis, na medida em que incidem sobre uma propriedade efetivamente produtiva." A invasão da fazenda da Veracel trouxe alguns resultados para o MST: logo após a ocupação, o Incra desapropriou 22 propriedades em 17 cidades baianas para assentar 1.383 famílias ligadas ao MST e ao Movimento da Luta pela Terra (MLT).

continua após a publicidade