O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) deu seqüência hoje à Marcha pela Reforma Agrária rumo à Brasília. Eles cortaram as cercas de arame farpado, entraram e montaram acampamento em suas áreas particulares, de uma associação agropecuária, em Anápolis, a 50 quilômetros de Goiânia.

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Os terrenos ficam no distrito industrial, perto do autódromo municipal, onde os organizadores instalaram a cozinha que atende a marcha. A área do autódromo, cedida pela prefeitura não era suficiente para acomodar os 11 mil integrantes da marcha, segundo o coordenador nacional Valquimar Reis. "Vamos ficar menos de dois dias", justificou.

Na terça-feira os manifestantes invadiram a fazenda Taba e um terreno do Posto Cacique, nas margens da BR-060, em Teresópolis de Goiás. As áreas foram usadas para o acampamento, onde os sem-terra ficaram parte da tarde e passaram a noite. A estrutura foi desmontada no reinício da marcha, ao amanhecer desta quarta-feira.

O dono da fazenda, Índio Tiago do Brasil, ex-prefeito de Goiânia, não sabia que sua propriedade seria usada pelos sem-terra. O caseiro Antonio Alves Pinheiro contou que eles chegaram de surpresa, cortaram a cerca e foram entrando com os caminhões. Chamado pelo caseiro, Brasil foi até o local, mas nada pôde fazer. Ele pediu ajuda aos policiais rodoviários federais que acompanham a marcha e foi aconselhado a não enfrentar os invasores.

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Além de aproximadamente 100 metros de cerca destruídos, o caseiro constatou o corte de bambu e danos na pastagem. O piquete estava pronto para receber gado. Uma parte dos sem-terra ergueu as barracas no terreno do posto. A gerente Lueci Rosa da Costa disse que tentou conversar com os líderes e não foi ouvida. "Falei que a área era particular, mas eles disseram que não precisavam de permissão." Ela afirmou que durante a permanência dos sem-terra o movimento no posto foi prejudicado.

O coordenador nacional disse que a fazenda foi escolhida por ficar perto de um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), onde haveria mais segurança. "O dono foi lá e permitimos que ele circulasse pelo acampamento." Segundo ele, as áreas foram ocupadas apenas para acomodação do pessoal. "Devolvemos do jeito que estavam."

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Hoje um caminhão carregado com bois tombou na BR-060, quando passava ao lado do acampamento. O motorista Lucimar da Conceição Souza disse que perdeu o controle ao desviar de um grupo de sem-terra que atravessava a pista. O motorista se feriu e três bois morreram.

Nesta quinta-feira a marcha segue até a praça da Câmara Municipal, no centro de Anápolis, onde o MST faz um ato público. O prefeito Pedro Fernando Sahion (PSB), que cedeu o palco e o sistema de som, vai participar do ato. A caminhada será retomada na sexta-feira. A entrada em Brasília está prevista para o dia 17.