Cerca de 100 integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) e de sindicatos rurais ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) invadiram nesta segunda-feira (19) a fazenda Cachoeirinha, na cidade de Itapura, na Alta Paulista, a 670 km de São Paulo. Foi a 13ª fazenda invadida no oeste do Estado em 24 horas, na primeira ação conjunta do movimento com sindicatos filiados à CUT. Ontem, o MST e a central sindical mobilizaram cerca de 2 mil militantes para invadir 12 fazendas, principalmente no Pontal do Paranapanema.
Hoje pela manhã, sem-terra e trabalhadores rurais chegaram a Itapura num comboio de carros, ônibus e caminhões, romperam a cerca e se instalaram na fazenda Cachoeirinha, iniciando a montagem de barracos. Segundo José Carlos Bossolan, do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sintraf), a área de 1 mil hectares foi considerada improdutiva pelo Incra e desapropriada em 2005, mas o proprietário, Renato Junqueira Stamato, entrou com agravo na Justiça. A invasão, segundo Bossolan, é uma forma de apressar uma decisão.
O líder do MST, José Rainha Júnior, que planejou a onda de invasões, anunciou o início da fase de negociação. "Agora, paramos de ocupar e vamos pedir audiências com o governo." Ele disse que a maioria das áreas invadidas foi vistoriada e avaliada pelo Incra para acordo com os proprietários. Os fazendeiros, segundo ele, estão dispostos a vender a terra.
O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, disse que essa disposição não existe. "Se algum fazendeiro concorda em vender, é por causa da pressão que eles (sem-terra) fazem com as invasões", afirmou.
Outras áreas, segundo Rainha, foram consideradas devolutas em processos judiciais ou declaradas improdutivas. "O que falta é o Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo) usar o dinheiro repassado pelo governo federal e agilizar a posse das terras", diz o militante. De acordo com Rainha, líderes do MST e do movimento sindical do campo vão pedir audiência com o secretário da Justiça de São Paulo, Luiz Antonio Marrey, para discutir a questão. O líder justificou as invasões: "Se o Itesp não agiliza, o movimento social é obrigado a pressionar".
Hoje, policiais militares estiveram em algumas das fazendas invadidas na tentativa de identificar os ocupantes. Na Santa Tereza, em Presidente Venceslau, os sem-terra estavam concluindo a montagem de barracos. Os policiais se limitaram a colher informações. Rainha disse esperar que a ação do governo em relação à questão fundiária seja política e não policial. "Da nossa parte, não haverá conflito ou violência. Se houver reintegração, vamos cumprir a ordem judicial.