Porto Alegre – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio Grande do Sul iniciou nesta quarta-feira campanha pela desapropriação, para fins de reforma agrária, da Fazenda Guerra, localizada em Coqueiros do Sul, na região Norte do estado.
O primeiro passo foi convocar os integrantes para enviar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um documento em que o movimento defende a transformação da propriedade de 7 mil hectares (30% da área do município) em um assentamento para 450 famílias, gerando 950 empregos diretos e com um produção diversificada para movimentar a economia da região. "Hoje o latifúndio gera empregos para apenas 15 funcionários temporários", informou Ivori de Moraes, da coordenação estadual da Via Campesina.
Ele lembrou o exemplo da antiga Fazenda Annoni, área de 9 mil hectares que foi desapropriada em 1986 e onde foram assentadas 420 famílias. Hoje, explicou, essas famílias produzem, por ano, 20 mil sacas de trigo, 6 milhões de litros de leite, 150 mil sacas de soja, 35 mil sacas de milho, 45 toneladas de frutas e 10 mil quilos de hortaliças. E a área ainda abriga 800 cabeças de gado e 5 mil suínos.
Segundo o MST, os mais de 350 agricultores sem-terra acampados desde ontem (21) na sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Porto Alegre copiaram à mão o documento e cada um enviou a carta social à Presidência da República, da agência central dos Correios. O ato foi repetido por mais de 3 mil agricultores da Via Campesina mobilizados em seis municípios.
Ontem (23), prefeitos e vereadores de 23 municípios da região Norte gaúcha entregaram ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, em Brasília, carta pedindo a medição exata da área da fazenda, ocupada pela quarta vez por agricultores sem-terra, no dia 28 de fevereiro. Conforme o diretor de Programas do Incra, Angelo Menegat, que participou da reunião, a fiscalização cadastral da fazenda está em curso.
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