MST fala alto

?Não existe reforma agrária no Brasil.? Esse é o resumo da entrevista dada ao Congresso em Foco pela militante do MST, Marina dos Santos, filha de pequenos lavradores que perderam as terras na região oeste do Paraná, nos anos setenta. Desde então, engajada ao movimento projetou-se entre as principais lideranças da entidade, além de ser uma das poucas mulheres a desfrutar posição de comando na organização.

O MST pretende amplificar o volume das reivindicações até sexta-feira no 5.º Congresso Nacional em Brasília, com a participação de 15 mil delegados de todo o País. Pretende chamar a atenção, pela enésima vez, sobre a reforma agrária, afirmando que ela não constitui uma prioridade da administração federal. Segundo Marina, o que houve até agora foi a seqüência duma política de assentamentos, a juízo dos dirigentes da entidade, uma solução paliativa.

Cumprindo o papel de porta-voz do movimento, Marina acentuou que alguns países capitalistas, incluindo os Estados Unidos, fizeram reforma agrária até para se desenvolver. Todavia, no Brasil e no governo Lula, em particular, a avaliação é que a reforma agrária está embutida nas políticas públicas de compensação social.

A gestão agrária seguida pelo governo federal, conforme o enfoque do MST, apenas contorna os graves problemas da concentração da terra, na qual o Brasil somente é superado pelo Paraguai. Para dimensionar a realidade, o movimento enfatiza que no Maranhão, mais de 50% das terras consideradas aptas para a exploração agropecuária estão sob domínio de apenas 1% dos proprietários rurais.

Um dos itens debatidos pelo MST é a produção de biocombustíveis e a soberania nacional, tendo em vista o interesse crescente de grandes empresas transnacionais em adquirir extensas áreas para a ampliação do cultivo de cana e a construção de gigantescas unidades industriais para produzir etanol.

Evidência de que o MST não está a fim de dividir espaço com o presidente Lula, configurou-se na decisão de não convidá-lo para o evento, temendo o esvaziamento do tom crítico que se pretende adotar em relação ao governo.

Marina afiançou que se Lula aparecer no congresso será bem recebido, mas reiterou: ?Não vamos tratar de nenhuma pauta específica com o governo?. Os tempos mudaram…

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