O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou e endossou hoje (25) o manifesto de um grupo de economistas, encabeçado pelo Conselho Federal de Economia, que pede mudanças na política econômica. Ao criticar a crise política atual, os economistas sustentam que há alternativas possíveis e listam dez sugestões. Uma delas é a proposta de redução imediata da taxa de juros para 2,5% ao ano. O grupo quer também que o valor do salário mínimo seja dobrado e os recursos do superávit primário sejam utilizados para investimentos públicos e não para o pagamento de juros.
"A corrupção de partidos e políticos é apenas a face mais visível de um processo mais profundo que somente pode ser corrigido com eficácia se o Estado for fortalecido e ‘desprivatizado’. A privatização e a debilidade do Estado são as principais fontes de corrupção no Brasil!", afirmam, no documento batizado de "A Crise da República".
O grupo localiza a origem da crise atual na transição entre os governos militares e a Nova República, em 85. "A crise (…) somente pode ser resolvida se os pilares do acordo que sustentou a transição da ditadura para a democracia, que foram protegidos e alimentados por todos os governos posteriores a ela até o momento, forem substituídos por um programa que atenda às demandas mais sentidas da população e resgatem a soberania nacional e popular que toda República digna deste nome deve possuir", afirmam.
Para os economistas, "o programa econômico e político concebido e aplicado inicialmente no governo de Fernando Henrique Cardoso, que ainda comanda o país, necessita ser súbita e urgentemente substituído". Entre as sugestões estão ainda a "de recuperar o controle governamental e público sobre o Banco Central e sobre a política monetária".
O grupo é contra o acordo da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), que afetariam os interesses nacionais. Assim como era reivindicado nos anos 80, os economistas querem uma auditoria pública da dívida externa.
Assinam o manifesto, além do presidente do MST, João Pedro Stédile, o presidente do Conselho Federal de Economia, Sidney Pascotto; o presidente do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro, José Antônio Luuterbach; o presidente do Sindicato dos Eco nomistas de Minas Gerais, Dirlene Marques e o presidente do Sindicato dos Economistas do Rio Grande do Sul, Rafael da Cunha.