MP sustenta que crime foi encomendado; promotor pede pena máxima

O julgamento dos dois acusados de terem assassinado a missionária americana Dorothy Stang foi reiniciado na manhã de hoje com as alegações finais do promotor de Justiça Edson de Souza. Logo no início de sua intervenção, ele deixou clara a intenção de pedir pena máxima para os réus Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, que confessou ter disparado contra a religiosa, e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, que teria sido cúmplice do crime.

De acordo com o promotor, foi um homicídio qualificado – planejado, mediante promessa de pagamento, e no qual a vítima não teve nenhuma chance de defesa. Se a argumentação do promotor convencer os sete integrantes do júri, quatro homens e três mulheres, Rayfran pode ser condenado a até 30 anos de prisão.

O julgamento começou ontem às 8h40 e prosseguiu até as 19h30, sob a presidência do juiz Cláudio Montalvão das Neves, de 54 anos, titular da 2.ª Vara Penal do Tribunal do Júri. Reiniciado hoje às 9 horas, deveria seguir até a noite, com intervenções e réplicas da promotoria e da defesa. Depois disso, os integrantes do júri diriam se os réus são culpados ou não, cabendo ao juiz fixar a pena a ser aplicada. Mais tarde, tanto a defesa quanto a promotoria poderão recorrer da sentença.

Uma das principais preocupações do promotor Souza, na argumentação inicial de ontem, foi tentar derrubar a tese da defesa de que Clodoaldo teria tido uma pequena participação no crime e até procurou demover Rayfran do intento.

Segundo a tese do promotor, Clodoaldo teve participação direta no crime. "Já pudemos ver que Rayfran é instável emocionalmente, mudando de opinião com facilidade, enquanto Clodoaldo é mais duro, domina melhor as situações", afirmou. "A arte de matar está no Rayfran, mas a arte de conceber o crime intelectualmente está neste outro homem aqui", completou, apontando para Clodoaldo, que, à frente dele e de costas para o júri, ouvia de cabeça abaixada.

O promotor também disse que irmã Dorothy, "senhora de comportamento humilde, mas de inteligência acima da média", sabia que o controle da situação estava nas mãos de Clodoaldo e por isso dirigiu-se a ele, no rápido diálogo que teve com os dois antes de receber os seis tiros. "Quando sentiu que ia morrer, foi a ele que a Dorothy se dirigiu, tentando estabelecer um diálogo."

No primeiro dia, a principal novidade do julgamento foi a mudança de comportamento dos dois acusados, que passaram a apontar como mandante do crime o patrão deles, o fazendeiro Amair Feijoli da Cunha, o Tato. Até agora ele era apontado como intermediário da execução da religiosa.

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