MP apura extorsão de seqüestrador de repórter da Globo

Promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaerco), de Guarulhos, na Grande São Paulo, investigam um caso de extorsão envolvendo o preso Edson Gonçalves de Siqueira, o Gordinho. Ele é suspeito de ter participado do seqüestro do repórter Guilherme Portanova e do auxiliar técnico Alexandre Calado, da TV Globo, em 12 de agosto. Quatro dias antes do seqüestro, no entanto, Gordinho teria sido preso no 7º Distrito Policial de Guarulhos e solto em seguida, após pagar R$ 10 mil de propina.

Gordinho também é apontado como armeiro (fornecedor de armas) do Primeiro Comando da Capital (PCC) e acusado de ordenar, em nome da facção criminosa, a primeira série de ataques contra postos policiais, em maio deste ano, no município de Guarulhos.

Ele era investigado pela Polícia Federal de São Paulo por envolvimento no tráfico internacional de armas. O criminoso e outros cinco integrantes da quadrilha acabaram presos por agentes federais, em 23 de agosto, na Operação Gládio.

Policiais federais monitoravam Gordinho e, com autorizações judiciais, interceptaram suas ligações telefônicas. Num dos telefonemas, o preso faz contato com parceiros, avisa que foi preso, que está ao lado de seu advogado numa delegacia e pede dinheiro para ser solto. Para um dos comparsas, ele teria pedido R$ 2 mil. O valor da propina teria sido fechado em R$ 10 mil.

Segundo denúncias feitas ao Gaerco de Guarulhos, Gordinho foi preso por policiais civis em 8 de agosto. Investigadores chegaram até ele após prender outro suspeito de participar dos ataques do PCC, em maio, em Guarulhos. Esse suspeito delatou Gordinho e disse que foi ele quem forneceu as armas para os atentados.

Em depoimento prestado na sexta-feira passada para promotores do Gaerco, esse suspeito, cujo nome é mantido em sigilo, confirmou que Gordinho foi preso em 8 de agosto e solto no mesmo dia, após pagar a propina aos policiais civis. O suspeito foi colocado no Programa de Proteção à Testemunha.

Os agentes federais não pararam de monitorar Gordinho. Em outra interceptação telefônica, um preso não identificado telefona para o armeiro do PCC, às 22h23 de 13 de agosto, um domingo. Nesse horário, o repórter Guilherme Portanova continuava em poder dos seqüestradores.

A conversa é interceptada durou 14 minutos e 7 segundos. Num trecho do diálogo, o preso perguntou se o seqüestro de Portanova foi noticiado no programa Fantástico. Gordinho respondeu que sim e ainda completou: "Eu tava lá, otário".

Em 23 de agosto, Gordinho foi preso pela PF em Guarulhos. Com ele e sua quadrilha foram apreendidos drogas, 13 armas e explosivos. A Corregedoria da Polícia Civil teria sido avisada sobre a extorsão. A Secretaria da Segurança foi procurada ontem, mas informou que, por causa do feriado, só poderia se manifestar hoje sobre o caso.

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