O Ministério Público de São Paulo ingressou com uma ação cível pedindo a responsabilização, por improbidade administrativa, do chefe-de-gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho do Partido dos Trabalhadores (PT) e de empresários da cidade de Santo André, na grande São Paulo por possíveis cobranças de propina na condução dos negócios públicos. A íntegra do documento foi divulgada hoje (5). Os fatos teriam ocorrido em Santo André durante gestão do prefeito Celso Daniel, assassinado em 2002. O órgão pede a concessão de liminar para a indisponibilidade dos bens dos acusados em cerca de R$ 5,3 milhões, valor atribuído ao que teria sido coletado de forma ilícita pelos envolvidos.
Na ação, os promotores do Grupo de Atuação Especial Regional de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) fundamentam que Gilberto Carvalho teria cometido improbidade administrativa por ter cometido irregularidades frente, na época, da Secretaria de Governo na gestão de Celso Daniel na prefeitura de Santo André. Os promotores acusam Carvalho de ter transportado o dinheiro arrecadado como propina para o Partido dos Trabalhadores.
Segundo o documento da promotoria, o prefeito Celso Daniel concordava com a atuação dos envolvidos, imaginando que os recursos auferidos destinavam-se exclusivamente ao financiamento de campanhas eleitorais do PT. O dinheiro teria sido arrecadado por cobrança de propina nos serviços de transporte coletivo, coleta de lixo e construção civil do município. Os empresários que ganhavam as licitações na prestação dos serviços seriam obrigados, segundo a promotoria, a pagarem mensalmente propina para o financiamento de campanha.
Ainda segundo as investigações citadas, Celso Daniel teria sido assassinado justamente porque apurou que o dinheiro estava sendo utilizado para o enriquecimento dos integrantes da quadrilha denunciada e e se opôs a isso. Celso Daniel foi seqüestrado dia 18 de janeiro de 2002 na cidade de São Paulo ao sair de uma churrascaria e encontrado morto, com onze tiros no dia 20 do mesmo mês, na rodovia Régis Bittencourt, no quilômetro 328.
Segundo a assessoria de imprensa do PT, o presidente Ricardo Berzoini anunciou que não vai se pronunciar sobre o caso, além que já havia dito em entrevista ao site Portal do PT. É interessante que essa história volta e meia reaparece de uma maneira, muitas vezes, desconectada com toda a trajetória do processo. Em segundo lugar, querer atribuir a um partido político responsabilidades em um processo que está sendo apurado com investigações sobre indivíduos, é algo que beira o fascismo. Na verdade, o PT pertence a todos os filiados e não pode ser penalizado por uma eventual irregularidade que não está sequer comprovada, disse Berzoini ao site hoje (5).