Moysés Paciornik, médicos escrevem

É-me agradabilíssimo escrever sobre médicos escritores, tal como fiz, recentemente, com O cientista religioso, como defini o insígne professor Ruy Miranda, neste mesmo espaço.

Desta feita, volto-me para outro esculápio, que grangeou renome em sua atividade profissional, passando a brilhar, intensamente, na área literária.

Moysés Paciornik, que dias passados foi nominado, pela jornalista Denise Drechsel, como ?mister simpatia?, é pessoa extremamente gentil, capaz de conquistar, como conquistou, inúmeros amigos e admiradores.

Imortal, porque pertencente à douta Academia Paranaense de Letras, onde ocupa a cadeira n.º 35, que já foi do saudoso Mário de Abreu, ?o bisturi de ouro? mereceu, de Túlio Vargas, o presidente, conceito que bem o modela, verbis: ?Ele sabe conciliar as figuras do médico e do escritor. Conta histórias como ninguém, tanto em livros quanto em crônicas veiculadas na imprensa brasileira. Isto comprova um talento extremamente versátil?.

Não é minha intenção louvar-lhe as virtudes profissionais, verdadeiro cientista, inclusive pelo difundido método do parto de cócoras, porque sobejamente conhecidas, senão exaltar seus escritos, quando publicados em jornais e revistas, muitos de estilo jocoso, que a todos encantam.

Lembro-me que, em 2 de dezembro de 2004, sob o título Ladrões-ladrões, deu a lume hilariantes historietas, que não sopito a vontade de repetir, pelo menos uma deltas:

?- Inadmissível! Nem parece hospital. Não pude dormir. O senhor não deveria permitir. Falta de consideração! Seu encanador trabalhou a noite toda. Isto não se faz.

– Encanador?

– Sim, aí no banheiro. Meu marido foi reclamar. Disse que estava arrumando os chuveiros.

– Fui verificar. Nos quatro sanitários do corredor, dos quatro chuveiros elétricos, não encontrei nenhum…

Para alegrar os doentes, quadros de artistas, um em cada quarto ou apartamento. Vinte espalhados pelo hospital. Comprados há anos, quando os hoje renomados artistas eram brotinhos, desconhecidos.

Depois dos chuveiros, fui procurá-los.

Não encontrei nenhum…

Ladrões de bom gosto.

Parabéns, estão melhorando…?

Anteriormente, publicara O que será que eles pensaram?, revelando que, na Academia Paranaense de Medicina, a que pertence, sempre um dos ?imortais? deveria contar estória de sua vida, certo que dr. Moysés relatou fato acontecido em uma viagem de ônibus e com o delicioso teor:

?Quando a bailarina, linda de morrer, despede-se daquele jeito, a turma fica me olhando, invejosa e admirada.

Sim senhor, quem diria?

Não dou explicações, pego um táxi, dou o fora. Deixe que pensem. A propaganda é a alma do negócio, mesmo para quem não costuma negociar…?

Assim é Moysés Paciornik, o médico escritor, que editou diversos livros, tais como: Brincando de Contar Histórias, Histórias das Terras, Erros Médicos, Aprenda a Nascer com os Índios, Aprenda a Viver com os Índios, Máfia de Branco, Conflitos Psicossociais em Consultório Médico e tantos outros.

Nonagenário, mas em pleno vigor físico e mental, o ilustrado facultativo merece todo o nosso respeito e admiração, certo que sempre aguardamos, com grande expectativa, mais um dos seus maravilhosos escritos!?

Luís Renato Pedroso é desembargador jubilado e presidente do Centro de Letras do Paraná.

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