Movimentos sociais protestam contra reforma previdenciária

Representantes de dezenas de movimentos sociais e entidades sindicais participaram, na manhã de desta terça-feira (1º), na Praça da Sé, de um ato de protesto contra a política econômica do governo federal e os projetos de reforma da Previdência Social. Na manifestação, eles defenderam uma agenda única de mobilização contra essas reformas para o próximo dia 23 de maio.

O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gilmar Mauro, disse que é preciso retomar o caráter de lutas sociais no Primeiro de Maio. "O Primeiro de Maio é um dia de lutas, não de festas. E nós temos de resgatar a história do Primeiro de Maio neste país". afirmou Mauro. Segundo ele, neste Dia do Trabalho, o MST se

mobilizava "em defesa da reforma agrária, contra o agronegócio e contra qualquer tipo de reforma que traga prejuízos à classe trabalhadora".

O representante da coordenação nacional da Conlutas, José Maria de Almeida, também disse que não havia o que comemorar. Para ele, a manifestação da Sé era "essencialmente de protesto". Ele informou que o ato era o ponto de partida para uma grande jornada de mobilizações em fábricas, escolas, bancos e estradas, a serem realizadas no país inteiro, no próximo dia 23.

"Queremos impedir a reforma da Previdência [Social], que eleva para 65 anos a idade mínima para aposentadoria, mudar a política econômica e parar o pagamento da dívida externa e interna, para que esses recursos possam ser utilizados para reforma agrária, construção de moradias, geração de empregos e investimentos em saúde e educação", afirmou Almeida.

As atividades dos movimentos sociais tiveram início às 10h30, logo após o término da Missa do Trabalhador, celebrada na Catedral da Sé por dom Pedro Luiz Stringhini, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo.

De acordo com um dos dirigentes da Conlutas, João Zafalão, um dos organizadores do evento, foram gastos R$ 18 mil na manifestação. Em vez de sorteio de carros e apartamentos ou concertos de artistas populares, houve uma encenação teatral – feita por um grupo de trabalhadores – e discursos contra as reformas previdenciária e trabalhista. No início da tarde, os manifestantes seguiram em passeata até a Praça do Patriarca, em frente à sede da prefeitura municipal, também no centro da capital paulista, onde o ato foi encerrado às 14 horas.

Segundo Zafalão, mais de dez mil pessoas estiveram na manifestação. Entretanto, a Polícia Militar estimou que havia de mil a duas mil pessoas no evento.

Os manifestantes consideraram o ato dos movimentos sociais "mais politizado" que o das principais centrais sindicais

(Central Única dos Trabalhadores, Força Sindical e Central Geral dos Trabalhadores). O educador João Carlos Novaes Luz, de 31 anos, ressaltou que o ato dos movimentos sociais "resgatava os Primeiros de Maio combativos das décadas de 1970 e 1980". "Eu vim aqui neste Primeiro de Maio porque entendo que a luta dos trabalhadores ainda pode ser realizada com festa, mas com conscientização política e com a reflexão sobre aquilo que ocorre no mundo hoje", afirmou.

Para o investigador Antonio Carlos Rosini, de 55 anos, "ato de verdade é o dos movimentos sociais", por ser "reivindicatório e de pessoas conscientes". Ele criticou as celebrações de CUT, CGT e Força Sindical. "Lá [nas comemorações das principais centrais sindicais do país] estão dando o circo para o povo. Aquilo ali é pão e circo para entorpecer o povo", afirmou.

Participaram da manifestação entidades como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST); União Nacional dos Estudantes (UNE); pastorais sociais; Conlutas e Nova Central Sindical dos Trabalhadores. Na manifestação, foram vistas inclusive bandeiras de sindicatos como o dos Químicos Unificados de Campinas, Osasco e Vinhedo e dos Sapateiros de Franca e Região, ambos ligados à CUT, que também realizava ato público  a poucos quilômetros dali, na Avenida São João, esquina com a Ipiranga.

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