Rio de Janeiro – Organizações de todo o país ligadas ao movimento negro promovem nesta sexta-feira (27) o Dia de Mobilização Nacional Pró-Saúde da População Negra. O objetivo é chamar a atenção para a desigualdade racial na rede de saúde pública e nos indicadores de saúde no Brasil.

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De acordo com o integrante da Rede de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde, José Marmo, é necessário sensibilizar gestores de saúde sobre a discriminação no atendimento e ampliar o debate sobre o combate ao racismo e sua relação com saúde.

?A gente sabe que o racismo na saúde é uma realidade. Há um descuido, uma desatenção, e isso tem gerado um impacto muito grande na população negra? ressaltou Marmo, que é um dos articuladores da mobilização.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto a população branca vive, em média, até os 71 anos, a negra morre aos 66. Indicadores do Ministério da Saúde também apontam que os negros morrem mais que os brancos de aids, tuberculose, hanseníase, câncer de próstata e câncer cervico-uterino. Os índices de mortalidade materna também são mais altos em negras que em brancas.

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Marmo cita dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), segundo os quais, 80% dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) são negros. Por isso, ele defende a defesa do movimento pela melhoria no atendimento público de saúde.

Para ele, é preciso desenvolver ações específicas para melhorar a eficiência no tratamento de doenças e problemas de saúde que afetam mais a população negra, como a anemia falciforme, o diabetes e a hipertensão arterial. ?Temos que melhorar a qualidade do SUS, porque muitas vezes a população tem acesso, mas não tem resolutividade de seus problemas?. 

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A campanha é uma iniciativa da organização de mulheres negras Crioula, com sede no Rio de Janeiro, e da Rede de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde. A ação tem apoio do Programa de Combate ao Racismo Institucional, desenvolvido pelo governo federal em parceria com o Programa Das Nações Unidas Para O Desenvolvimento (Pnud).

Mais de 300 ações em 25 estados integram a programação, envolvendo cerca de 800 Organizações Não-Governamentais ligadas ao movimento negro, à defesa da cidadania e a religiões afro-brasileiras. Secretarias municipais e estaduais de saúde também participam da mobilização.

Palestras, seminários, passeatas, exibição de vídeos informativos, debates e entrevistas em rádios comunitárias fazem parte da agenda, bem como promoções artísticas voltadas ao debate sobre o racismo na saúde.