A saída da sede do Fórum Social Mundial (FSM) da cidade de Porto Alegre é encarada pelos movimentos de camponeses que participam do encontro de forma positiva. Para o integrante da coordenação nacional do Movimento dos Sem Terra (MST) e representante dos movimentos de camponeses no FSM, João Paulo Rodrigues, o encontro deve ficar à disposição para correr o mundo, apesar de prejudicar a mobilização das organizações sociais brasileiras.
"Nós, como a Via Campesina Brasil e Via Campesina Internacional, temos feito as nossas observações de que é preciso que o Fórum não fique só no Brasil. Que ele possa ser itinerante, ir para outros lugares no mundo, para garantir que não seja simplesmente um espaço de brancos, ocidentais e cristãos. O Fórum tem que ser mais do que isso, tem que ter os negros, tem que participar os asiáticos, tem que ir para a África, tem que ir para o Oriente Médio, tem que viajar o mundo", afirma Rodrigues.
Ele lembra que o FSM teve papel fundamental para as organizações sociais brasileiras. Segundo o coordenador do MST, nos anos em que foi realizado no Brasil, o evento estimulou a mobilização da sociedade para discutir temas importantes da vida nacional.
"Eu acho que o Fórum veio numa boa hora para o Brasil, tendo em vista que tivemos um período de muito descenso da luta de massa. Nós temos um período no Brasil em que poucas organizações têm feito atividades. Na medida que acontece o Fórum surge a expectativa de que no mundo tem gente fazendo, discutindo alternativas na área de educação, na área de ciência, enfim, em diversos outros temas".
Neste FSM, os movimentos camponeses participarão de três grandes atividades. Terão encontro com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em um assentamento do MST na cidade de Tapes (RS), a 130 quilômetros de Porto Alegre; realizarão um curso de formação político-ideológica para os militantes; e farão parte de diversas mesas de debates sobre a luta pela terra, a biodiversidade e o livre comércio, entre outros temas.