A assembléia da Marcha Mundial de Mulheres, realizada durante o 5º Fórum Social Mundial, definiu sua agenda de ações para 2005. Organizações feministas de 50 países lançarão a Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade no dia 8 de março em São Paulo. Depois, a carta viajará pelos países até chegar a Burkina Fasso (África) em setembro. O documento defenderá cinco princípios: igualdade, liberdade, solidariedade, justiça e paz.

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"A carta é como se fosse um acordo internacional sobre o mundo que as mulheres querem. Resgata utopias. A carta se coloca contra a guerra, por uma outra integração entre os povos. Fala do respeito e da solidariedade entre as mulheres", explica Marisa Mello, coordenadora estadual da Marcha no Rio de Janeiro.

A coordenadora da Sempreviva Organização Feminista (SOF), Nalu Faria, diz que a Marcha enfrenta hoje diferentes realidades nos países em que atua. "As mulheres estão bastante organizadas na África, na região dos Grandes Lagos. Uma região marcada pela guerra. Na Europa, a marcha significa a retomada de um movimento feminista de rua. Na América Latina, a retomada da mobilização é mais crítica, articula a questão de gênero com a macroeconomia."

Ela afirma que as políticas neoliberais aplicadas globalmente devem ser relacionadas à questão de gênero, pois prejudicam em especial as mulheres. "O peso da ideologia do livre mercado, o peso do consumismo, a imposição de um padrão de beleza. As mulheres sofrem cada vez mais com o uso intensivo de mão-de-obra em empregos precários".

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No Brasil, a Marcha avalia que a 1ª Conferência Nacional de Mulheres ? realizada no ano passado – reafirmou princípios importantes para o movimento. Entretanto, a política macroeconômica adotada pelo governo federal não assegura mudanças na vida dessas mulheres. "O governo Lula tem uma política real de combate ao tráfico de mulheres. Mas que contradição isso não deverá gerar para o próprio governo na relação com esse mercado de turismo que estava acostumado a explorar?", questiona Nalu. Para ela, caberá ao movimento feminista garantir a mobilização social para apoiar a postura adotada pelo governo.

A Marcha Mundial nasceu a partir de uma manifestação de mulheres em Quebec (Canadá), em 1995, chamada Pelo Pão e Pelas Rosas. Em 2000, a marcha foi realizada em diversos países e suas bandeiras eram a luta contra a pobreza e a violência contra as mulheres. A Marcha também está articulada à agenda de outros movimentos sociais e integra, por exemplo, a campanha continental contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).

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