?Ele chegou a abrir o vidro. Olhou nos meus olhos, viu que eu estava viva. Pedi socorro, ele fechou a janela, deu ré e desapareceu?, conta a menina Andressa, uma das sobreviventes da tragédia de Jarinu, onde morreram cinco pessoas da mesma família. O acidente aconteceu na altura do km 74 da Rodovia Edgar Máximo Zamboto, a 70 quilômetros de São Paulo. Na volta do culto da Igreja Assembléia de Deus, pelo acostamento, um carro Mitsubishi Space Wagon perdeu o controle e atingiu a família. O motorista fugiu sem prestar socorro e abandonou o veículo oito quilômetros após o local da batida.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o advogado do motorista prometeu que ele se apresentará hoje à polícia. Como já se passaram mais de 48 horas do atropelamento, escapou do flagrante. A Polícia Civil também vai ter dificuldades para apurar se ele estava embriagado ou drogado.
No domingo, a casinha de apenas três cômodos da família Silva, escondida no meio do mato, ficou enorme para abrigar apenas Ana Jéssica, de 15 anos, e Andressa, de 11. Elas retiravam as roupas e as lembranças do local onde viviam com a mãe e as quatro irmãs. As meninas vão mudar-se para a casa de uma tia.
?Nós gostávamos de dormir juntas na sala?, lembra Ana Jéssica. ?A gente brincava, emprestava roupa uma para outra. Essa blusa mesmo que eu estou usando era da minha irmã Suélen?, diz a adolescente. Ela perdeu outras três irmãs: Daniele, de 20 anos, Caroline, de 9, e Éster, de 6. A mãe, Ana Lúcia de Souza e Silva de 39 anos, também morreu no atropelamento.