Aberta no sábado, a 89ª Exposição de Orquídeas é garantia de bons momentos de lazer e entretenimento em Curitiba nos próximos dias. Homenagem da Associação Paranaense de Orquidófilos ao aniversário da cidade, que completará 314 anos na quinta, 29, a mostra, no Museu Botânico, tem entrada gratuita e ficará aberta ao público até domingo, 1º de abril, das 9h às 18h.
São mil exemplares de diferentes espécies, cores e tamanhos transformando a sala de exposições do Museu em um cenário que tem encantado os visitantes. Só no último domingo, 2.000 pessoas visitaram a exposição e a expectativa dos organizadores é de chegar a um público total de 15 mil pessoas.
A expectativa se justifica. A leveza, a variedade e o colorido das flores são atrativos suficientes para quem, por exemplo, vai passar o feriado de Páscoa na cidade. "Nossas exposições reúnem sempre em torno de 8 a 9 mil pessoas. Mas desta vez, em função do feriado e da grande visitação registrada nos dois primeiros dias da mostra, teremos, sem dúvida um número bem maior de pessoas", afirma Regina de Carvalho, ex-presidente da Associação e uma das raras mulheres colecionadoras de orquídeas, universo marcadamente masculino.
"Pelo menos 95% dos colecionadores e produtores de orquídeas são homens", diz Regina, única mulher a ocupar o cargo de presidente da Associação, criada em 1959. "Já é um sintoma de que as coisas estão mudando um pouco. Eles dizem que as mulheres têm pouca paciência para se dedicar à atividade que é simples, mas exige tempo de espera", conta Regina, que presidiu a Associação no ano passado.
De fato, da fecundação da planta, quando é colhido o pólen, até a florada, são necessários pelo menos sete anos. "Não é difícil cuidar, mas tem que saber esperar", afirma.
O atual presidente da Associação Paranaense de Orquidófilos, Alessandro Garret Dronk, também vê mudanças, inclusive na faixa etária dos interessados no assunto. "Não é só com relação às mulheres que está mudando, hoje há mais jovens procurando informações e se interessando pelo assunto", diz.
Talvez pelo empenho pessoal necessário e pelo tempo de espera, quem trabalha com orquídea é visivelmente apaixonado pelo assunto. Sem pressa, Alessandro vai mostrando planta por planta, contando sua origem, história, processo de polinização e cultivo. E explicando as maravilhas da natureza para produzir flores tão belas. "Esta aqui por exemplo, é de Madagascar, porque lá existe um tipo de inseto que não é encontrado em outros locais", afirma.
Orquídeas, de diferentes espécies, conta Alessandro Dronk, existem em todo canto do mundo. O Brasil, afirma, tem quase 10% das orquídeas nativas do mundo. Elas nascem nas florestas, grudadas nos troncos das árvores. "Ao contrário do que as pessoas pensam, não são parasitas, não usam os nutrientes das árvores, apenas precisam do tronco para se alojar", explica, lamentando o desmatamento que é uma ameaça à espécie. A vice-campeã da exposição, aliás, é uma nativa brasileira, a Cattleya labiata, flor de cor branca e rosa, campeã na sua espécie. A campeã geral da exposição é uma Oncidium stacy, planta mexicana em sua primeira florada em Curitiba.
Mercado –
Serviço:
– 89ª Exposição de Orquídeas – No Museu Botânico, até domingo, 1º de abril, das 9h às 18h, entrada franca.
– Administrado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, o Museu Botânico fica dentro do Jardim Botânico – uma casa de madeira rústica à esquerda da entrada principal.
– O Jardim Botânico fica na avenida Prefeito Lothario Meissner, s/n. Fone 41-3362.1800
Além de ter uma grande quantidade de orquídeas nativas, o Brasil também é exportador da planta. É o que atesta Gumercindo Pires Rodrigues, da Chácara Bela Vista, de Assai (SP), que participa da mostra curitibana. Maior produtora brasileira de orquídeas, a Bela Vista exporta para vários países, entre eles Japão, Estados Unidos, Inglaterra e Espanha. Implantada há mais de 60 anos e hoje comandada por Antonio Schmidt, que seguiu a carreira dos pais, a chácara tem pelo menos 300 mil orquídeas. "E estamos sempre cultivando, porque não pode faltar", afirma Pires que acredita num aquecimento gradativo no mercado interno. "Exposições como esta ajudam a divulgar a atividade", afirma.