Mosca estéril para ?salvar a lavoura?

Juazeiro (BA) (AE) – Pode causar estranheza, mas no Vale do São Francisco um tipo peculiar de mosca pode ajudar a ?salvar a lavoura?. Trata-se de uma mosca estéril que ajudará a combater a praga da ?mosca-da-fruta?, causadora de prejuízos anuais de US$ 65 milhões nessa região, que é a principal produtora de frutas irrigadas do País. Essa praga é popularmente conhecida como ?bicho da goiaba?, mas também aparece em outras frutas, como pêssegos e mangas.

O inseto estéril, uma verdadeira armadilha criada pela biotecnologia contra a mosca-da-fruta, está sendo produzido na primeira biofábrica desse tipo no País, a Moscamed Brasil, inaugurada na semana passada nesta cidade baiana à beira do Rio São Francisco, pelos ministros da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, e da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende.

As moscas produzidas pela Moscamed são todas machos esterilizados a partir de um processo de irradiação com cobalto 60. Esses insetos, gestados em laboratório, são posteriormente soltos para cruzar com fêmeas selvagens, ao ar livre. E é aí que está o truque: as fêmeas que cruzam com esses machos colocam seus ovos nas frutas, como de hábito, mas, neste caso, trata-se de ovos infecundos que não se transformarão em larvas. Assim, o controle da praga é feito naturalmente, reduzindo a necessidade de inseticida para combatê-la.

O governo investiu R$ 17 milhões na Moscamed que, até março do ano que vem, deverá atingir sua capacidade máxima de produção, de 200 milhões de insetos por semana. A idéia é que as moscas da unidade de Juazeiro venham atender também outras regiões do País.

O vice-presidente da Associação dos Produtores e Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco (Velexport), Marcos Yuri, disse que a utilização da mosca estéril deverá reduzir em cerca de 50% os gastos dos produtores locais com inseticidas.

Além de promover economia e ser uma alternativa mais limpa que o agrotóxico, a mosca produzida pela Moscamed poderá também vir a trazer novas divisas para o País. Segundo o Ministério da Agricultura, a fábrica deverá exportar metade de sua produção para Espanha e Marrocos.

Guedes Pinto ressaltou que a implantação da tecnologia – já existente em países como Japão, Estados Unidos, Espanha, Argentina, México e Austrália – será essencial para abrir ainda mais o mercado internacional para a fruticultura brasileira. ?A mosca é uma praga que nós queremos eliminar?, afirmou. ?E essa mosca estéril, na medida em que ela for disseminada, vai contribuir enormemente para salvação da lavoura.?

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