Rio (AE) – O túnel Zuzu Angel, principal via de ligação entre a Zona Sul e a Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, foi cenário hoje de momentos de pânico e tensão. Por volta das 15h40, uma multidão de motoristas abandonou seus carros no local durante intenso tiroteio e fogos de artifício disparados da favela da Rocinha. Era uma homenagem à morte do chefe do tráfico de drogas Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi, morto pela Polícia Militar. Passageiros de ônibus também fugiram a pé para se proteger.
O Zuzu Angel permaneceu fechado para quem ia à Barra por cerca de 30 minutos, até 16h10, causando congestionamento na auto-estrada Lagoa-Barra. No outro sentido, muita confusão com os carros que voltavam pelas galerias do túnel tentando fugir em direção à Zona Sul. Pessoas que abandonaram seus carros se refugiaram na outra pista da auto-estrada. Muitos choravam e não sabiam o que estava acontecendo.
"Eu vi pessoas correndo no meio do túnel e ouvi os tiros. Tive de abandonar o carro", conta o carioca Luiz Bello, de 51 anos, economista. Ele se dirigia com a sua esposa e cunhada a um shopping, em São Conrado, zona sul do Rio. "Estava indo para a Barra, quando vi pessoas largando o carro no túnel. Eu resolvi sair também", relata Andréia Bruxelas, de 37 anos, jornalista.
Algumas pessoas chegaram a se ferir quando corriam e tentavam escapar, mas apenas arranhões e escoriações causados por quedas no momento da confusão. Do lado de fora, dezenas de populares aguardavam sem saber o que fazer. Muitas pessoas deixaram seus carros no túnel. Eles tiveram de ser guinchados pela Prefeitura do Rio.
"Estava me dirigindo para um churrasco em Itanhangá (Zona Oeste) quando estava quase chegando no fim do túnel. Ouvi tiros e vi um carro da polícia. Os quatro policiais desceram. Foi quando decidi abandonar o carro", diz o analista de sistemas Gustavo Soares, de 27 anos, que voltava a pé no túnel para buscar seu carro. Nascido no Rio, esta foi a primeira vez que ele passou por essa situação.
Pela manhã, jornalistas que acompanhavam a situação na Rocinha chegaram a ouvir pelo rádio ameaças dos traficantes. Eles identificavam os repórteres, fotógrafos e cinegrafistas pelas cores das roupas e diziam que se continuassem filmando iriam atirar.
