O ex-agente da Agência Central de Inteligência (CIA) E. Howard Hunt, ligado à operação de espionagem que culminou no escândalo Watergate e na renúncia do presidente americano Richard M. Nixon faleceu ontem em Miami, nos Estados Unidos. Hunt, de 88 anos, passou seus últimos dias em Biscayne Park, um bairro de Miami, onde residia com a esposa Laura Martin Hunt.
Ex-conselheiro de segurança da Casa Branca, Hunt recrutou quatro dos cinco integrantes da equipe que entrou ilegalmente em 1972 no Comitê Nacional do Partido Democrata, situado no complexo Watergate, em Washington. Os cinco agentes – James McCord, Bernard Barker, Frank Sturgis, Rolando Martínez e Virgilio González – entraram ilegalmente no local para instalar microfones ocultos e câmeras fotográficas com o objetivo de espionar dirigentes democratas.
O escândalo ocorreu poucos dias antes de comícios presidenciais. O resultado da eleição daquele ano culminou com a reeleição de Nixon. O caso estremeceu politicamente os Estados Unidos, obrigando Nixon a renunciar à Presidência em 1974, momentos antes de o Congresso norte-americano estudar sua destituição. Vinte e cinco homens foram presos por participação no escândalo e teve início uma nova onda de ceticismo em relação ao governo.
Hunt e os agentes que recrutou – alguns deles vinculados à fracassada invasão da Baía dos Porcos, em Cuba – declararam-se culpados e deixaram os cargos em 1974. O ex-agente da CIA nasceu em 1918 e trabalhou na CIA de 1949 a 1970. Além de sua participação no escândalo Watergate, foi soldado na Segunda Guerra Mundial, organizou o golpe na Guatemala e a fracassada invasão da Baía dos Porcos. Escreveu mais de 80 livros, muitos de espionagem.