São Paulo, 20 (AE) – Mais uma morte e poucas pistas dos autores da chacina de mendigos que deixou quatro mortos e seis feridos. Não se sabe nem mesmo quantas pessoas participaram das agressões ou se as vítimas tinham relações entre si. A polícia ouviu dez testemunhas, mas nenhuma viu a ação dos assassinos. Pior: à tarde foi encontrado na Rua Rui Barbosa, na Bela Vista, um outro morador de rua com o mesmo tipo de ferimento dos demais – lesões no rosto feitas por algum objeto contundente. Ele pode ser a 11.ª vítima da chacina.
A chacina dos mendigos provocou nova troca de críticas entre Estado e Prefeitura e foi o assunto do dia entre candidatos à sucessão municipal. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), divulgou nota afirmando que o esclarecimento do caso é a principal prioridade da polícia. E o ministro Márcio Thomaz Bastos ofereceu ajuda federal para investigar os crimes.
Enquanto os policiais procuravam pistas e testemunhas no centro, morria à 1h25 no Pronto-Socorro Vergueiro um morador de rua internado com traumatismo craniano ontem (19). Agredido na Rua Tabatingüera, ele passou por neurocirurgia, em vão. Até hoje não fora identificado. Outros quatro feridos estavam internados em coma e corriam risco de vida. Depois de ter demorado 15 horas para saber o número total de vítimas, a polícia só tinha identificado seis delas até as 20 horas.
Desde a noite de ontem (19), homens do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) têm ido ao centro tentar achar testemunhas e objetos, como paus, pedras e marretas, que possam ter sido usados no crime. A polícia pediu ainda ajuda aos funcionários da assistência social da Prefeitura para que forneçam informações.
Por enquanto, os investigadores arriscam pouco sobre o que ocorreu. Para eles, a série de crimes começou na Rua São Bento e terminou na Rua Tabatingüera – foram agredidos mendigos em sete lugares diferentes. Os assassinos, segundo o delegado Luiz Fernando Lopes Teixeira, do DHPP, estavam a pé.
Além das hipóteses já divulgadas – crime a mando de comerciantes, ação de skinheads ou briga entre mendigos – ele disse que a polícia verifica uma quarta possibilidade. A de o crime ter sido praticado por moradores de rua ligados ao tráfico de drogas, principalmente crack, no centro.
Os policiais do DHPP averiguam ainda uma possível relação entre o massacre e a tentativa de envenenamento de seis moradores de rua, ocorrida em 4 de julho na Praça da Sé. Naquele dia, alguém deixou com os mendigos uma garrafa de conhaque. Eles beberam e passaram mal, porque no líquido havia veneno para ratos dissolvido. “Já recebemos cinco informações por meio do Disque-Denúncia (0800-156315), mas até agora nada foi confirmado”, disse o delegado.
Alckmin
Na nota, Alckmin afirmou que “toda a sociedade paulista está chocada com a brutalidade e a covardia da agressão cometida contra moradores de rua”. Disse ainda estar “pessoalmente estarrecido com o acontecimento”.